A presidente do Flamengo, Patricia Amorim, concedeu na noite desta segunda-feira uma entrevista coletiva para comentar diversos aspectos do momento turbulento por que passa o Flamengo. Sobre o assunto Thiago Neves, que segundo informações de bastidores já teria acertado sua ida para o Fluminense, a mandatária rubro-negra não deu por encerradas as negociações para a renovação de contrato do meia.
- Marcamos esta entrevista esperando o pronunciamento do empresário do jogador (Léo Rabello). Ele diz que as negociações não estão encerradas. Então, as negociações não estão encerradas. O Flamengo confia na palavra do empresário e do jogador, por isso se manteve em silêncio. Está na mão do empresário e do jogador. Não há contrato assinado sem a parte do jogador. O Flamengo continua acreditando na palavra do empresário e do jogador.
Patricia Amorim mostrou-se especialmente irritada com a postura do Fluminense no caso. Ela garantiu ter entrado em contato com o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, e escutado dele que não havia negociação por Thiago Neves. Depois, teria passado a evitá-la.
- Não posso julgar, mas ao longo do processo o Fluminense disse que entraria se o Flamengo desistisse. Nós não desistimos. Depois disso não se posicionaram novamente. Eu falei com o Peter e ele disse para mim que não tinha nada. Aí depois fala em entrevista que vai dar a camisa 10 para o Thiago e que não falou comigo. Se for isso, este rapaz tem algum problema. Tenho o registro das ligações - disse Patricia.
Ela acrescentou que a relação entre os clubes ficou arranhada. Os planos para a divisão da concessão do novo Maracanã entre Flamengo e Fluminense passam agora a ser arquivados.
- Falam (dirigentes do Fluminense) uma coisa e agem de outra forma. Impossibilita qualquer tipo de futura parceria (a respeito do Maracanã). É desconfortável a forma como o presidente (Peter Siemsen) diz que não sabe de nada, e a patrocinadora do clube... Isso está criando um problema institucional muito grande, não é uma conduta que eu esperava. Se têm interesse, que assumam que têm. Eles estão atravessando a negociação, inflacionando valores. É um desserviço ao futebol. Nós tínhamos um relacionamento bom, e a partir de agora não temos mais. Não é uma postura bacana, não é decente. Entrei em contato com o presidente mais de uma vez. Na época do Bolívar, ele (Siemsen) já falou: não temos interesse no Bolívar, nem no Thiago Neves - contou a presidente do Flamengo.
Patricia procurou apontar diferenças entre a postura do Fluminense agora e a do Flamengo no ano passado, quando venceu a concorrência com Grêmio e Palmeiras por Ronaldinho Gaúcho. A presidente argumentou que Ronaldinho pertencia a outro clube - o Milan - e sempre se mostrou interessado em defender o Flamengo. Na novela atual, faltaria Thiago Neves vir a público e se manifestar.
Especificamente sobre o camisa 10, Patricia Amorim garantiu que a novela envolvendo a permanência ou não se encerra na próxima quarta-feira. Segundo a presidente, o irmão e empresário do camisa 10, Assis, estará na Gávea para uma reunião definitiva. Nesta segunda-feira, representantes da empresa estiveram no clube para tentar chegar a uma solução.
Segundo Patricia, caso a Traffic não dê uma resposta positiva na próxima quarta, o próprio Flamengo vai assumir a negociação do caso Ronaldinho. No entanto, ela não acredita nesta possibilidade. Para a presidente, tudo vai acabar bem, tanto é que, apesar de admitir existir um plano B, se recusa a sequer pensar neste caso.
- O Assis vem aqui na quarta-feira e vem cumprindo o que foi combinado. O desfecho será definitivamente na quarta. Fomos a Porto Alegre, a Traffic esteve no clube hoje (segunda) e acreditamos em uma resolução. Se não tiver acordo com a Traffic, negociamos diretamente com o jogador. Também.existe um plano B, mas não trabalhamos com essa possibilidade ainda. Por que o desfecho tem de ser ruim? O Flamengo demonstrou compromisso, vontade e nós lutamos para ele ficar. Trabalhamos sempre para que o final seja feliz - afirmou a presidente, que nunca pensou na possibilidade de Ronaldinho não entrar em campo.
- Ele tem vínculo federativo com o Flamengo e se não entrasse em campo passaria a ser uma questão jurídica. Volto a dizer: queremos que ele continue. Mas o Flamengo é muito maior que isso. É maior que eu ou qualquer um - disse.
Patricia Amorim ressaltou que quitou, nesta segunda, todas as dívidas referentes a luvas do elenco. Segundo ela, o salário de dezembro será depositado até o dia 25, como de costume. A presidente, entretanto, admite que o clube ainda deve direitos de imagem ao atacante Deivid (a dívida chegaria a R$ 6 milhões). Um dos jogadores que tinham luvas atrasadas era o zagueiro Alex Silva. Ele se recusou a viajar rumo à Bolívia e, segundo Patricia, está afastado do elenco.
- Alex Silva nos pegou de surpresa. Não sabemos exatamente o que é, se é problema financeiro, de relacionamento... Está afastado, é uma falta grave. O caso está com o departamento jurídico.
Patricia falou também sobre a suposta insatisfação de Luxemburgo. Segundo a presidente, ela entrou em contato com o treinador em mais de uma oportunidade nesta segunda e reafirmou o que já havia dito. Para a mandatária o momento é de foco total nas duas partidas decisivas contra o Real Potosí, pela Copa Libertadores.
- O Luxemburgo está seguindo o que eu disse para ele fazer. O momento não é de ninguém falar e sim de se concentrar nos jogos. Nos falamos três vezes. Nem tudo o que fazemos pode agradar. O que temos de fazer é procurar agradar mais do que desagradar. Mantenho tudo o que disse. Se ele está desconfortável é algo pessoal do próprio Luxemburgo - declarou.
Se em determinados momentos da entrevista Patricia procurou manter a calma e o discurso firme, em outros pareceu estar insegura e ansiosa. Um destes momentos foi quando comentou a demora na contratação de reforços. A presidente afirmou que a prioridade sempre foi manter as peças principais do elenco e citou em mais de uma vez a renovação de contrato do goleiro Felipe. Da mesma maneira, Patricia Amorim disse que as negociações com Vagner Love seguem abertas e que procurou atender os pedidos feitos por Luxemburgo.
- Temos de ter sensibilidade. Não podíamos sair negociando e falando em cifras altíssimas com alguns atletas tendo pendências com o clube. Agora equacionamos grande parte delas. É importante dizer também que mesmo em meio a este cenário nós trouxemos o Itamar e o Magal, que foram pedidos do treinador. E lembro também que o elenco não está fechado - finalizou.
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