O som continua no volume mais alto no vestiário. A trilha sonora também permanece sob o comando de Ronaldinho Gaúcho. Mas o relacionamento dos jogadores mais experientes com a estrela da companhia já não é o mesmo do ano passado. E, caso o camisa 10 não embarque com o elenco para a Bolívia, a vaga de titular no amistoso contra o Corinthians, neste domingo, ficará ameaçada.
Em Londrina, Ronaldinho sempre ficou ao lado dos fieis escudeiros Rodrigo Alvim e Willians. Deivid e Alex Silva também têm proximidade com o camisa 10. Mas, com o volante, a afinidade é tão grande que antes do treino da manhã desta sexta-feira, poucas horas depois do amistoso contra o Londrina, a dupla reclamou de dores musculares e pediu para não participar do trabalho físico. Como o exame no vestiário não constatou qualquer lesão, eles tiveram que suar sob os gritos do preparador Antônio Mello.
As brincadeiras que marcaram o ano de 2011, com Ronaldinho e seu largo sorriso, foram pouco vistas em Londrina. Na maior parte do tempo, o camisa 10 preferiu ficar quieto. Durante a última semana, depois de um puxado treino físico, o jogador sentou sozinho num banco de madeira e permaneceu por bons minutos com a expressão cansada e o olhar perdido.
Na semana de declarações polêmicas e brigas do elenco com o vice-presidente de finanças, Michel Levy, Ronaldinho Gaúcho teve participação ativa na decisão do grupo de não dar entrevistas na última terça-feira.
Estranhamente, Renato Abreu, um dos líderes do elenco, ficou longe da reunião. Desde então, o jogador também decidiu não conceder entrevistas. A lei do silêncio durou apenas um dia. Curiosamente, Alex Silva e Deivid, dois jogadores que reclamaram das dívidas, foram os primeiros a conversar com os jornalistas.
O capitão esteve apenas uma vez com os jornalistas e foi para gravar a participação na escalação dos times que a TV Globo exibe antes das partidas. Na ocasião, brincou e disse que voltaria a falar quando tudo estivesse em paz.
- É hora de os chefes falarem – disse o jogador.
Amistoso decepcionante
No primeiro jogo da temporada, Vanderlei Luxemburgo decidiu escalar durante 45 minutos no amistoso com o Londrina o provável time titular. A má atuação técnica e a apatia de Ronaldinho Gaúcho não chamaram atenção apenas do público no estádio e dos telespectadores.
Internamente, alguns companheiros estranharam o comportamento do camisa 10. Em dois lances, Ronaldinho foi desarmado com facilidade. Na saída para o intervalo, ele explicou com tranquilidade que a diferença de ritmo entre os dois times tinha a ver com o tempo de preparação:
- Eles já estão no quinto jogo e nós apenas no primeiro jogo.
Quando os reservas já estavam em campo para segundo tempo do amistoso, um a um, quase todos os titulares foram para o banco e assistiram à vitória rubro-negra por 1 a 0, gol de falta de Bottinelli (assista ao vídeo).
O goleiro Felipe preferiu ficar atrás de um dos gols. Ronaldinho não saiu do vestiário e fez sessão de massagem.
Agora, às vésperas do segundo amistoso antes da viagem paraa Bolívia, Assis, irmão e empresário e Ronaldinho, jogou mais gasolina na fogueira. Ao colocar em dúvida a presença do camisa 10 na viagem e na estreia da pré-Libertadores, Assis pode ter criado uma situação ainda mais problemática e que poderá ter desdobramento na escalação do time.
Como o jogo contra o Corinthians é encarado como importante teste para o confronto contra o Real Potosí, se Ronaldinho decidir não acompanhar a delegação ele não enfrentará o campeão brasileiro. Nesse caso, Léo Moura voltaria a usar a braçadeira de capitão.
Internamente, muitos acreditam que R10 não tomaria uma atitude tão drástica assim. Existe a expectativa de que nesse sábado as arestas possam ser aparadas e a crise não exploda de vez. Mas é inegável que a música que embalava o animado grupo rubro-negro já não agrada a todo mundo.
E se Ronaldinho Gaúcho não quiser ficar sozinho na esquina vai precisar sorrir. E fazer sorrir novamente.
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