20 de jan. de 2012

A crise do Flamengo em seis ângulos

O (novo) alvo da ira de Luxa
A situação de Luiz Augusto Veloso no departamento de futebol do Flamengo é desconfortável. No momento, o técnico Vanderlei Luxemburgo o elegeu como alvo principal. A gota d´água aconteceu após o episódio em que o treinador investigou se Ronaldinho teria levado mulher para a concentração em Londrina.
Luxa solicitou respaldo da diretoria e, em vez de apoiá-lo, Veloso conversou com Ronaldinho e disse:
- Estamos com você.
Segundo o treinador, o diretor coloca a presidente Patrícia Amorim contra ele. O treinador fez acusações veladas – e impublicáveis – ao dirigente durante a pré-temporada em Londrina. Ele também reclama que a chegada do zagueiro chileno Marcos González, que não teve seu aval, foi arquitetada por Veloso.
No grupo, o desprestígio do diretor de futebol, que ganha cerca de R$ 30 mil, sempre existiu. Os atletas alegam que ele não resolve nenhuma pendência e se esconde nos momentos difíceis. Nas rodinhas, é chamado de Tonho da Lua, personagem interpretado por Marcos Frota na novela Mulheres de Areia (1993).
Luiz Augusto Veloso tem o apoio da presidente Patrícia Amorim. Ela é amiga de infância da esposa de Veloso, Cristina Callou, atual vice de esportes olímpicos do rubro-negro.
A gana de Michel Levy
O vice-presidente de finanças do Flamengo, Michel Levy, encara como uma questão de honra a contratação de Vagner Love. Ele está abatido desde a crise em que se envolveu por chamar os jogadores que reclamaram de luvas atrasadas de “marqueteiros”.
- Tenho que voltar da Rússia com o Love embaixo do braço. Preciso disso depois das pancadas que levei – disse, na quinta à noite, na Gávea.
Ele viaja no fim de semana para a Moscou ao lado do empresário de Love, Evandro Ferreira, e do próprio jogador. Em vez da oferta parcelada em cinco anos, o Flamengo planeja esticar a corda até 8 milhões de euros (R$ 17,68 mi) pagos em três prestações – a primeira de 3 milhões (R$ 6,8 mi). Love tem uma oferta formal de um clube francês e duas sondagens – uma da França e outra da Turquia.
A reunião da oposição
A ideia de romper com a Traffic e assumir o salário integral de Ronaldinho – R$ 1,25 milhão incluindo o pagamento de luvas – não foi bem digerida pela oposição. Na noite de quarta-feira, Marcio Braga, Delair Dumbrosck, Ronaldo Gomlevsky e outros conselheiros se reuniram em um restaurante italiano de Ipanema para discutir a situação do clube. E saíram com uma bandeira levantada pedindo a saída de Ronaldinho.
- Absurdo o valor do salário dele. E imagina como fica o resto do elenco? Alguns têm pendência. Se o Flamengo bancar o Ronaldinho vai aumentar o tumulto – disse Marcio Braga.
Ele explicou o porquê do encontro.
- A reunião não tocou no assunto eleições. As pessoas queriam expor a angústia com a situação do clube. Eu não consigo andar na rua porque todo mundo quando me encontra fala “fora, Patrícia”.
Conselhos à presidente
A presidente teve a quinta-feira de reuniões. Primeiro, passou algumas horas com o ex-vice de futebol Marcos Braz – a volta dele ao futebol não está em pauta. Depois foi a vez de se encontrar com o vice-geral Hélio Ferraz. Patrícia está abatida e merece atenção especial dos seus assessores. Preocupados com o nível de estresse dela, eles filtram notícias e evitam o contato com a imprensa.
Em 1999, o bombeiro não funcionou
Convidado pela presidente para chefiar a delegação do Flamengo na Bolívia, o empresário Jorge Rodrigues tem chance de assumir a vice-presidência de futebol do clube. Porém, na Gávea, há quem se recorde que Rodrigues era o chefe da delegação rubro-negra no episódio da Festa da Uva, em 1999, em Caxias do Sul. Na ocasião, Romário deixou a concentração – segundo ele, com autorização do chefe da delegação – e foi desligado do clube pelo presidente Edmundo dos Santos Silva pela suposta indisciplina.
Até 2009, Rodrigues frequentava o vestiário antes e após os jogos para incentivar os jogadores com gritos de guerra. Ele sempre terminava o discurso com a frase: “Esse time é do ca….”. Por causa disso é conhecido como Duca.
Em Búzios
Enquanto a parceria com a Traffic esteve por um fio, o vice de marketing do Flamengo, Henrique Brandão, desfrutou de dias de sossego em Búzios. Ele não participou da reunião entre a empresa, Assis e a cúpula rubro-negra clube, na quarta-feira, na Gávea, por esse motivo.
(Eduardo Peixoto)

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