É difícil de imaginar. A viagem é longa, cara e nem sempre prazerosa. Mas, confiante no time do Flamengo de 1981, alguns torcedores brasileiros foram parar em Tóquio em meados de dezembro. O Rubro-Negro, então campeão da Libertadores, ia enfrentar o Liverpool em busca do título do Mundial Interclubes.
Passados 30 anos, o "Globo Esporte" localizou os rubro-negros Francisco Moraes,José Roberto Muricy e Claudio Junqueira. Eles não se arrependeram do dinheiro que gastaram, das muitas horas de viagem, e não cansam de contar o quanto foi emocionante presenciar, das arquibancadas, a maior conquista da história do Flamengo.
- Nós fizemos uma das grandes coisas das nossas vidas, de ter esse feeling na época de ir a Tóquio ver o Flamengo. Poucas pessoas puderam ir e tiveram essa idéia - lembrou José Roberto Muricy, conhecido como Siri.
A dupla teve que pegar um voo do Rio para Lima, no Peru. Depois, de Lima para Los Angeles, nos Estados Unidos. Em seguida, da cidade americana rumo a Tóquio.Tudo isso no início da década de 1980, quando não era comum e nada fácil ir para o Japão.
- Naquela época eram quarenta horas de avião - disse Francisco Moraes.
Siri conta o que fez para não perder o jogo da sua vida.
- Falei com a mamãe e a vovó, vamos ver o que a gente tem de joia aí - recordou o torcedor, que empenhou as relíquias da família, a fim de realizar aquele sonho.
Francisco Moraes garante que esse episódio foi apenas um entre muitos de devoção ao Flamengo.
- Graças a Deus, nunca tive problemas financeiros. Estou tendo agora em função do Flamengo. Gastei todo meu dinheiro e no fim da vida... está difícil (risos). Tenho 48 anos de campanha do Flamengo em todos os lugares do mundo. Eu nunca perdi nenhum jogo oficial do Zico, nenhum. Acompanhei de 1973 a 1993, nãoperdi jogo oficial do Flamengo em lugar nenhum do mundo - revelou.
Francisco Moraes, Siri e Claudio Junqueira chegaram ao Japão na véspera da partida. Foi o tempo de dormir no mesmo hotel onde os jogadores do Flamengo se hospedaram, depois acordar e ir para o jogo. A partida foi realizada no início da tarde, um horário incomum para os torcedores brasileiros.
- O time chegou e armou um samba dentro do estádio. Então, antes do jogo, teve um samba de mais ou menos 40 minutos dentro do campo - disse Siri.
Antes mesmo do apito final do árbitro, Siri começou a festejar o título.
- Na hora que saiu o terceiro gol, acabou o primeiro tempo. Gritei "Eu sou campeão do mundo", aí foi só festa - afirmou.
Depois de 30 anos, para tocar naquela taça, só usando luvas. Mas nem sempre foi assim, como relata um outro torcedor que também esteve no dia 13 de dezembro de 1981 em Tóquio.
- Eu me lembro que a gente pegou muito nessa taça aqui sem a luva. O Siri jogava para mim, eu jogava para ele, era uma festa - contou Claudio Junqueira, o Tampa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário