Até 30 de junho de 2020 o uniforme do Real Madrid continuará ostentando a marca Adidas. Em troca, bem como de outras ações diversas, o clube receberá 32 milhões de euros anuais, equivalentes hoje a 84 milhões de reais ou 7 milhões mensais. Essa renovação antecipada do atual contrato da empresa com o Real Madrid foi anunciada ontem pelo Sport Business e Sportspro, especializados na cobertura esportiva pelo lado dos negócios, principalmente.
Segundo os dois veículos esse acordo foi comunicado pelo clube a seus conselheiros na reunião preparatória de quarta-feira, antes da próxima assembleia que será realizada nesse domingo. O Sport Business ouviu ainda um diretor da Adidas que confirmou a negociação e disse que será oficializada oportunamente.
Os números do Real Madrid em 2011/2012
Um curto parêntese para falar dos números merengues. Fontes do Real confirmaram alguns números do desempenho financeiro da temporada 2011/2012, que serão apresentados oficialmente no domingo. A receita, no total de 514 milhões de euros, já havia sido anunciada por esse OCE, no post “Os resultados do Manchester United e o crescimento dos três grandes em meio à crise”. Ao lado do crescimento de 7% na receita, o clube vai apresentar uma significativa redução de 26,5% em sua dívida, com um total de 124,7 milhões de euros. Ao mesmo tempo, o lucro bruto ficou em 24,2 milhões de euros, uma queda de 31,7% em relação ao espetacular resultado de 2010/2011, que ficou em 31,6 milhões de euros.
Adidas no Brasil: Flamengo, São Paulo e Grêmio
Com a saída da Olympikus em decorrência da aceitação pelo Flamengo da proposta de patrocínio válida apenas para 2015, a vigência do novo acordo será antecipada para janeiro de 2013. Em virtude disso, a Vulcabrás, dona da marca Olympikus, já deixou de complementar o salário de Vagner Love – 50 mil reais mensais – e paralisou as obras do museu, nas quais já investiu 10,4 milhões de reais que o clube deverá restituir. Pelo acordo entre as duas partes, o montante que o clube deverá pagar à atual patrocinadora e fornecedora de equipamentos chegará a 15 milhões de reais, como o GloboEsporte.com noticiou em matéria do Janir Júnior (leia aqui). Há informações no mercado, como a do diário Lance, que a Adidas pagará 13 milhões a mais ao clube para cobrir o ressarcimento do rompimento. Dessa forma, o montante do contrato chegaria a 363 milhões em dez anos.
A matéria do portal informa que hoje a Vulcabrás paga ao Flamengo 18 milhões pelo patrocínio propriamente dito e mais 8,3 milhões de reais em equipamentos, totalizando 26,3 milhões. O acordo com a Adidas prevê o pagamento de 27 milhões pelo patrocínio e mais 8 milhões em materiais, totalizando 35 milhões anuais. Considerando a correção do contrato e outros ajustes, ao final do contrato atual o Flamengo já estaria recebendo da patrocinadora/fornecedora um total ao redor de 32 milhões, portanto apenas 3 milhões a menos que o previsto para ser pago pela Adidas a partir do ano seguinte. Essa diferença muito provavelmente seria coberta na eventual renovação do acordo e isso desperta a possibilidade de outros interesses mais imediatos, como antecipação de cotas e luvas, além do benefício político a curtíssimo prazo.
Dirigentes do Flamengo, entretanto, apontam como um dos pontos fortes para mudar de empresa a internacionalização da marca Flamengo, mais viável com Adidas do que com Olympikus. Como objetivo isso é muito interessante, sem dúvida, mas qualquer projeto nesse sentido, independentemente de quem seja o fornecedor e patrocinador, só terá alguma chance de êxito se o time de futebol conseguir internacionalizar- se, algo que, no panorama de 2012, não parece muito próximo. Aliás, como esse OCE já adiantou inúmeras vezes, o mesmo ocorre em relação a qualquer clube brasileiro, o que inclui Corinthians, São Paulo e Internacional. Objetivos desse tipo só serão alcançados com os clubes disputando os torneios de verão na Europa e Ásia, além, evidentemente, de conseguirem boas participações na Copa Libertadores e, em menor escala, na Sul Americana, de forma consistente, ano após ano.
Fechando o tema, crescem os boatos que a Adidas já estaria negociando com o São Paulo, visando substituir a Reebok – marca internacional da própria Adidas, mas que no Brasil é administrada pela Vulcabrás – a partir de janeiro próximo.
Dessa forma, já em 2013 a Adidas passaria a ter sua marca estampada em quatro grandes clubes brasileiros, nos dois maiores mercados consumidores – São Paulo e Rio de Janeiro – e presença nacional graças à distribuição geográfica das três maiores torcidas – Flamengo, São Paulo e Palmeiras.
Esse time e essa cobertura ficariam maiores e ainda mais fortes e interessantes, caso os rumores de negociação entre a empresa e o Grêmio sejam e se transformem em realidade. Tudo isso criaria um panorama muito interessante nesse próximo ano e permitiria à empresa estar muito bem posicionada em 2014 e melhor ainda em 2016.
Movimentações no mundo do futebol como as que estamos vendo da General Motors e outras montadoras, e as disputas entre gigantes da área de produtos esportivos, como Nike e Adidas, dão uma boa visão do peso crescente desse esporte para o marketing das empresas globalmente.
Para aproveitar melhor essa maré, os grandes clubes brasileiros precisam de menos discursos de dirigentes e melhores resultados em campo, acompanhados por administrações responsáveis e que consigam manter os clubes e seus times de futebol em boas condições de administração e competitividade. Pouco adianta conquistar um título de impacto num ano e depois lutar para escapar do rebaixamento ou meramente permanecer na zona da marola, em cheirar e nem feder, como diria minha avó. Títulos são fantásticos, mas desempenhos bons, consistentes, regulares, são essenciais para a saúde de qualquer clube, de qualquer time.