BARCELONA - Um dia após a renúncia de Sandro Rosell da presidência do Barcelona, seu sucessor, Josep Bartomeu, sustentou em entrevista coletiva na Espanha, que a contratação de Neymar custou os 57,1 milhões de euros declarados pelo clube. No entanto, diante da suspeita de que outros valores foram pagos ou empenhados na negociação, polêmica que causou a saída de Rosell, o diretor de futebol Raul Sanllehí decidiu abrir a 'caixa preta' da contratação do brasileiro, revelando os números totais que envolveram a chegada de Neymar ao clube espanhol, que fizeram o valor da empreitada subir para 86,2 milhões de euros.
Ainda assim, Sanllehí insistiu que o preço é o mesmo que sempre foi divulgado, e que a diferença - 29,1 milhões de euros - se deve a outros contratos gerados em consequência da negociação com o atacante mundialmente cobiçado, que assinou contrato por cinco anos com o Barcelona em junho de 2013. Um dos casos que exigiram uma explicação detalhada do dirigente foram os 40 milhões de euros pagos à empresa 'N&N', dos pais de Neymar, como forma de garantir que o atacante assinaria com o Barcelona e não com os outros clubes interessados. Sanllehi, porém, garantiu que esse dinheiro não foi um 'extra', e sim parte dos 57,1 milhões oficiais - os outros 17,1 milhões tendo sido pagos ao Santos.
- Neymar tinha ainda um ano de contrato com o Santos, até 2014, quando ficaria livre. Essa empresa (N&N) tinha o direito de decidir onde ele jogaria. Meio mundo queria Neymar. Em 2012 e princípios de 2013, começou uma loucura para contratá-lo. Muitos clubes falaram com o staff do jogador. Estávamos tranquilos porque pensávamos que, tendo pago 40 milhões de euros, não desistiriam de nós. Nós não podíamos chegar aos níveis bárbaros de outras ofertas. Os 57,1 milhões são a contratação (17,1 milhões) mais o custo adicional de 40 milhões - explicou.
Para o novo presidente do Barça, não há irregularidade no pagamento à empresa dos pais do craque brasileiro.
- O pagamento à N&N se fez a uma companhia brasileira, que paga em seu país os impostos correspondentes - afirmou Bartomeu.
Sanllehí, por sua vez, destrinchou os acordos que, somados, alcançam os 29,1 milhões de euros que causaram a polêmica. Um deles, de 7,9 milhões de euros, garantiu ao Barcelona a prioridade na contratação de três jogadores da base do Peixe: Gabriel, Giva e Victor Andrade. O Barça também contratou, por 400 mil euros anuais, a empresa N&N, para acompanhar a evolução das três promessas brasileiras. Sanllehí contou, ainda, que o Barcelona não paga comissão a agentes de jogadores, e que estes recebem diretamente dos seus agenciados. No caso de Neymar, disse ele, o valor foi de 2,7 milhões. O dirigente também revelou um contrato de marketing de 4 milhões de euros. E outros 2,5 milhões são parte de um contrato entre Neymar e a Fundação Barça, com objetivos sociais. Os outros 10 milhões - que totalizariam os 29,1 milhões - vêm de um bônus salarial, de 2 milhões de euros por ano.
Diante de tantos números, Sanllehí acabou tendo de abrir, também, o salário de Neymar: 8,8 milhões por ano, totalizando 44 milhões pelos cinco anos de compromisso. Para o dirigente, os dois amistosos agendados entre Barcelona e Santos, na época do negócio, não podem ser considerados parte da contratação. No primeiro, no Camp Nou, em agosto do ano passado, o time espanhol goleou por 8 a 0, sem gol de Neymar, que entrou apenas no segundo tempo. Para não disputar a segunda partida, na Vila Belmiro, o Barça se comprometeu a pagar uma multa de 4,5 milhões. O Santos também teve os custos da primeira viagem pagos pelos catalães, no total de 2,5 milhões.
Para que o clube esclarecesse todas as dúvidas sobre os valores, Josep Bartomeu afirmou que teve de contar com uma autorização do pai e agente do jogador, também chamado Neymar, já que havia cláusulas confidenciais no acordo.
- Demos estas explicações porque levantaram a cláusula de confidencalidade. Este clube é dos sócios, e daremos explicações até onde se possa dar. Foi o pai de Neymar que nos ligou para nos dar permissão para explicar o contrato. Tudo isso saiu na imprensa, nos vimos obrigados (a explicar). Agradecemos ao pai de Neymar, que nos permitiu levantar a confidencialidade. Desejamos que Neymar (filho) pense agora somente em jogar bola. Ele aceitou vir para o Barça por menos que (ganharia) em outros clubes - afirmou Bartomeu.
- É evidente que a contratação foi muito mal explicada. É grave que tenham vazado estes números. Os contratos eram confidenciais e houve vazamento - lamentou Sanllehí.
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