Rivaldo surpreendeu ao anunciar sua aposentadoria na manhã deste sábado. O pentacampeão mundial com a Seleção em 2002 admitia que o fim da carreira estava próximo. Mas evitava marcar uma data para pendurar as chuteiras. A expectativa era que deixasse os gramados somente após o fim do Paulistão. A decisão de parar imediatamente surgiu após um momento de reflexão na noite de sexta-feira. Depois de avisar ao filho Rivaldinho que treinaria em Itapira pela manhã, foi para a cama dormir com a intenção de seguir em campo. No meio da noite, porém, acordou e mudou de ideia após ter feito meditação: era o momento de dizer adeus.
- Eu havia ligado para o meu filho e pedido que ele levasse meu material de treino para Itapira, pois iria direto de casa para o estádio. Mas acordei à noite, e, após alguns minutos de meditação, tomei a decisão de encerrar a carreira - revelou Rivaldo, no discurso de despedida ao elenco e à comissão técnica do Mogi Mirim.
Segundo Rivaldinho, a conclusão do pai saiu após uma conversa com Deus.
- Quando eu cheguei ao clube pela manhã e vi o carro dele tão cedo, estranhei e liguei. Ele me disse que ainda estava em casa e não ia mais jogar, pois passou a noite claro e ouviu de Deus que era o melhor momento de parar.
Emocionado, Rivaldo se despediu do elenco do Mogi e disse adeus ao futebol (Foto: Geraldo Bertanha/ Mogi Mirim)
Sem revelar o que passou pela sua cabeça durante a meditação, o agora ex-jogador admite que tomou a decisão com dor no coração e agradeceu por tudo o que o futebol lhe proporcionou na vida.
- Todos sabem que vim de uma família muito humilde. Tudo que tenho agradeço ao futebol. Por isso adoro jogar. Por isso foi difícil tomar essa decisão. Muitos queriam que eu parasse antes, mas o futebol está no meu sangue. Ultimamente estava jogando por prazer.
SAIBA MAIS
Rivaldo sai de cena com 900 jogos na carreira. Ele alcançou a marca no último domingo, no empate por 1 a 1 com o São Bernardo. Ao todo, foram 22 anos como jogador profissional. Revelado nas categorias de base do Santa Cruz, ganhou projeção no Mogi Mirim, onde fez parte do 'Carrossel Caipira' no início da década de 90. Depois, defendeu Corinthians e Palmeiras. No Verdão, foi bicampeão brasileiro em 1993-94 com Edmundo, Evair, Zinho, Roberto Carlos e outros craques. Em 1996, com Djalminha, Muller, Luizão e outros, fez parte do time do ataque dos 102 gols treinado por Vanderlei Luxemburgo e campeão paulista.
Depois, foi para o futebol europeu. O La Coruña abriu as portas da Espanha para Rivaldo, mas foi no Barcelona, entre 1998 e 2002, que ele atingiu o auge. Durante esse período, foi eleito o melhor do mundo e, depois do vice mundial na França com a Seleção, conquistou o pentacampeonato no Japão e na Coreia. Depois, defendeu Milan e Cruzeiro, passou pelo futebol grego e asiático e vestiu a camisa do São Paulo, em 2011, já sem tanto destaque. O mesmo aconteceu quando defendeu o São Caetano.
Rivaldo lutou contra uma lesão no joelho (Foto: Rafael Bertanha / Divulgação Mogi Mirim)
Desde o início do ano, Rivaldo tem lutado contra um problema crônico no joelho direito para ajudar o Mogi Mirim dentro de campo. Nas vezes em que participou, aliás, o fez no sacrifício. O último grande momento foi a realização do sonho de atuar ao lado do filho Rivaldinho. Com a missão cumprida, ele agora vai se dedicar exclusivamente aos bastidores, como presidente e investidor do Sapão. Como chefe, agradeceu o apoio de todos os comandados durante os últimos meses.
- Sou grato a todos pelo carinho e respeito como fui tratado aqui por jogadores e funcionários. Quero que saibam que fui além do que meu corpo permitia. Sacrifiquei-me para ajudar vocês a sair desta situação em que nos encontramos hoje. Não é uma situação desesperadora, mas que merece cuidados. E tenho certeza que vocês vão manter o clube na elite - disse, em referência à luta do Mogi contra a degola (no momento, o time está fora da zona de rebaixamento)
Nenhum comentário:
Postar um comentário