Até onde se saiba não existe uma fórmula para vencer a Libertadores da América. O campeão não é necessariamente quem jogou o melhor futebol, mas, invariavelmente, quem melhor suportou a pressão de uma competição em que os fatores extracampo ganham um peso absurdo.
Ainda que não se possa dizer exatamente como vencer a Libertadores não é difícil identificar onde se pode começar a perde-la. Antes de efetivamente perder uma Libertadores dentro de campo perde-se a Libertadores nas páginas dos jornais e nos comentários do rádio e da TV, onde a argumentação lógica se justapõe ao fanatismo clubista e ao nacionalismo rastaquera, com a aceitação tácita dos inúmeros mitos libertadorianos.
Mitos construídos no período histórico em que as equipes da América Latina impuseram seu domínio na competição na base da garra, da catimba e da mais abjeta intimidação física. Ditaduras militares, cartéis do narcotráfico, lobbies midiáticos, entre outros poderosos coadjuvantes, já exerceram sua capacidade coercitiva e já usaram todos os recursos que estiveram ao seu alcance para garantir que a desejada taça fosse parar nas mãos desse ou daquele clube. A história mostra que a Libertadores sempre foi conquistada na base da porrada.
Tenho certeza que o Flamengo, que deve à sua torcida uma Libertadores desde os anos 80 do século passado, não vai voltar a vencer a competição continental dando porrada nos outros. É até estupidez pensar dessa maneira primitiva. Mas é absolutamente certo que só voltaremos a vencer a Libertadores quando aguentarmos, sem chorar e sem perder o foco, as porradas que inevitavelmente nos atingirão no transcorrer da competição.
Na presente edição da Liberta o Flamengo tem cometido, repetidas vezes, os mesmos erros que já nos causaram a dor da eliminação precoce. A saber: ingenuidade, soberba, acomodação e o pior de todos eles, a falta de confiança. Esse defeito é o beijo da morte, porque um time que se permita cultivar dúvidas sobre sua própria capacidade é capaz de vencer uma Taça Guanabara, um carioqueta e até mesmo um Brasileiro por pontos corridos. Mas jamais sairá vencedor de um mata-mata aquele que não confia no seu próprio taco.
Todos os vencedores da Libertadores, nem todos grandes equipes, possuem uma característica em comum: foram equipes que contrariaram estatísticas, escritas e os favoritismos absolutos. Times que demonstraram que os mitos dos alçapões, da altitude e na inexorabilidade da vitória ou da derrota só tem valor até a hora do apito inicial. Com a bola rolando vence aquele que acredita mais em si do que nos outros, a despeito do que diz a crítica especializada.
No grupo 7 da Libertadores o Flamengo luta por 10 pontos. Já conseguiu 4 e precisa nos próximos 3 jogos garantir os 6 pontos restantes. Quem acompanha as outras equipes na Libertadores já percebeu o equilíbrio, tá todo mundo no mesmo pelotão, ninguém se destaca. Portanto, é burrice acreditar que a vitória em nosso jogo no Maracanã está garantida. A hora de surpreender a gatomestragem e consolidar a passagem pra oitavas é agora.
O Flamengo hoje tem que entrar pra vencer, sem se importar com o endereço do estádio. O Bolívar é a equipe mais fraca do grupo, se não nos impusermos sobre eles dificilmente o faremos na casa do melhor armado Emelec. Hoje é pro Flamengo jogar tudo que pode, o que sabe e o que não sabe. Não há o menor sentido em se preservar ou guardar munição. Jayme, não importa quem você vai escalar. Só se certifique de avisar pros caras que hoje é dia de ser Flamengo.
Mengão Sempre
Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo no sócio torcedor.
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