O torcedor do Corinthians que resolveu tirar a tarde para acompanhar o possível rival na decisão do Mundial de Clubes não se arrependeu. O mesmo vale - ou valerá - para o técnico Tite e jogadores. Inspirado, o Atlético de Madri expôs as fraquezas do favorito Chelsea e goleou o rival por 4 a 1 nesta sexta-feira, conquistando a Supercopa da Europa (assista aos melhores momentos ao lado). No Estádio Louis II, em Mônaco, foi RadamelFalcao García quem deu um show à parte, com três belos gols no primeiro tempo. O zagueiro brasileiro Miranda, ex-São Paulo, aumentou a contagem na etapa final, enquanto Gary Cahill descontou para os ingleses.
Desta forma, o Atlético levanta o seu segundo título de Supercopa, já que em 2010 havia superado o Internazionale de Milão, por 2 a 0, no mesmo estádio. Em ambas as oportunidades a equipe espanhola chegou como franco-atiradora, por ter vencido a Liga Europa e não a Liga dos Campeões, competição de maior prestígio no continente. Além de superarem Barcelona e Bayern de Munique na caminhada em 2011/2012, os Blues também apostavam no ótimo início de temporada, com três vitórias em três jogos no Campeonato Inglês e atuações empolgantes do belga Eden Hazard, contratado durante o mercado de transferências por 32 milhões de libras (cerca de R$ 100 milhões).
Outro reforço impactante, o brasileiro Oscar, ex-Internacional, entrou no intervalo no lugar de Ramires, que havia falhado ao errar o bote no terceiro gol de Falcao. O zagueiro David Luiz, que vacilou no segundo, foi outro brasuca em campo pelo lado azul. Miranda e Filipe Luís representaram o Brasil com a camisa vermelha e branca.
Se não têm um elenco à altura do Chelsea, os colchoneros podem se orgulhar de quem veste a camisa 9. Falcao García, hoje com 26 anos, custou € 40 milhões (R$ 91 milhões à época) e chegou para suprir as saídas dos ídolos Sergio Agüero e Diego Forlán. Por mais que a matemática contrarie, não há ninguém insatisfeito com a troca pelas ruas da capital espanhola, afinal, o colombiano também foi o responsável direto pela conquista da Liga Europa, com dois gols na final diante do Athletic Bilbao e a artilharia da competição. E ai de quem reclamar.
Curiosamente, é um efeito contrário ao que Fernando Torres proporciona aos Blues. "El Niño", que também defendeu o Atlético, ainda não caiu nas graças do torcedor e carrega consigo o enorme peso de 50 milhões de libras (R$ 133 milhões), valor pago pelo Chelsea ao Liverpool, em 2011. Não à toa o magnata Roman Abramovich tentou seduzir Falcao García e o Atlético com uma quantia um pouco menor. Como se sabe, não deu certo - o colombiano seguirá em Madri ao menos até janeiro, quando a janela abrirá novamente.
Esta foi a última decisão do torneio em Mônaco. A partir de 2013 haverá um rodízio de estádios, como já acontece com a Liga dos Campeões e a Liga Europa. A Eden Arena, em Praga, receberá a próxima edição, enquanto Cardiff (País de Gales) e Tiblisi (Geórgia) sediarão em 2014 e 2015, respectivamente.
Um primeiro tempo impecável - e colchonero
Não seria um exagero dizer que o Chelsea não viu a cor da bola no primeiro tempo em Mônaco. Com uma filosofia que justamente fez do rival um time vencedor, o Atlético de Diego Simeone usou e abusou dos seus contra-golpes para já abrir uma larga vantagem. E, claro, contou com mais uma noite inspiradíssima de Falcao García.
Por muito pouco o colombiano não abriu o placar logo aos três minutos. Filipe Luís recebeu bom passe pela esquerda, foi à linha de fundo e cruzou à meia altura. Falcao se esticou e acertou o travessão. Mal daria tempo para lamentar, já que o primeiro gol saiu aos seis. Gabi deu bom passe para o centroavante que, cara a cara com Petr Cech, não perdoou. Uma bonita cavadinha que confundiu David Luiz e bateu na trave antes de entrar.
Falcao, de novo
saiba mais
O Chelsea era dono da posse de bola, mas não incomodava. Aos 16, Filipe Luis cruzou da esquerda e Arda Turan subiu bonito para cabecear. Passou perto. Três minutos depois, no entanto, estava novamente Falcao ali para definir. David Luiz não conseguiu cortar passe de Adrián e ainda viu o colombiano colocar com categoria - e de esquerda! -, perto do ângulo direito de Cech: 2 a 0.
O Atlético seguia criando suas chances. Aos 27, Gabi apareceu frente a frente com o goleiro tcheco e perdeu em ótimo contra-golpe. Um lance ainda mais incrível estava reservado para os 34 minutos. Arda Turan recebeu boa enfiada de bola e cruzou para Adrián. Livre, o atacante errou na conclusão de forma bizarra - a bola ainda subiu e sobrou limpa para Falcao. A trave impediu o gol de cabeça.
No caso, apenas adiou o terceiro. Aos 44, em um novo e incontável contra-ataque, Arda Turan apenas aguardou a chegada de Falcao pela esquerda e rolou com precisão. O camisa 9 aproveitou um bote errado de Ramires e tocou na saída de Cech: 3 a 0 e fatura praticamente liquidada.
Oscar entra, mas Chelsea não engrena
Ao Chelsea restava mudar. Oscar entrou no lugar de Ramires e deu uma opção mais técnica e de menos correria aos ingleses. O panorama pouco mudou. Com todo o time atrás, o Atlético se segurava e se dava ao direito de apenas "sair na boa". E foi numa dessas escapadas que saiu o quarto. Aos 15, pós cobrança de falta pela direita, Miranda aproveitou a sobra na linha da pequena área e tocou com categoria, por cima de Cech. Era o quarto gol do Atlético. De impressionar.
Àquela altura já entregue, o Chelsea foi para cima. De fora da área, Oscar levou algum perigo com um chute cruzado, aos 21 minutos. O Atlético chegou a responder com Koke, que cobrou falta para a área e quase viu a bola entrar direto. Cech evitou o quinto no reflexo. Aos 29, porém, os Blues conseguiram o seu gol de honra. Veio com o zagueiro Gary Cahill, também aproveitando sobra após escanteio.
O espanhol Mata, sumido no jogo, ainda teve a chance de diminuir e colocar um suspense nos minutos finais, mas não caprichou na conclusão com a perna direita, aos 35. Mas a noite estava mesmo destinada aos colchoneros. E a bola na trave - que seria gol contra de David Luiz, aos 45 - não fez a menor falta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário