A primeira defesa de Felipe no Flamengo foi um pênalti. Em 9 de janeiro deste ano, o goleiro estreou na equipe num amistoso contra o Londrina, durante a pré-temporada na cidade paranaense. A partida terminou sem gols. Culpa de Felipe, que acabara de tirar a camisa 1 rubro-negra do fundo do armário. O número reapareceu depois de pouco mais de sete meses, desde a saída de Bruno. Depois que o goleiro foi preso sob acusação do desaparecimento de Eliza Samudio, Marcelo Lomba tornou-se titular, mas manteve o 29.
Felipe sabia que seria cobrado. Bruno era ídolo da torcida, capitão e especialista em desmoralizar cobradores de pênalti. O novo dono da posição não repetiu a especialidade do antecessor apenas naquele amistoso. Na semifinal da Taça Guanabara, defendeu duas cobranças contra o Botafogo e levou o time à decisão. Passados quase quatro meses, a sombra diminuiu.
Os números jogam a favor de Felipe e começam a fazer dele parte da história do clube. Único jogador do grupo de Vanderlei Luxemburgo a participar das 22 partidas da temporada até então, alcançou uma marca importante. Só ele e Jurandir, goleiro do Fla na década de 40, permaneceram invictos por tanto tempo. Em 2011, Felipe venceu com o Flamengo 15 vezes e empatou sete. Em 1942, Jurandir conseguiu a impressionante sequência de 18 vitórias e quatro empates. Sofreu a primeira derrota apenas no 25º jogo. Felipe sofreu menos gols: 14 contra 25. Numa comparação com a mesma sequência de jogos de Bruno, em 2006, foram 14 contra 31 gols sofridos e sete derrotas do ex-rubro-negro.
O domingo é de decisão. Às 16h (de Brasília), Felipe entra em campo para enfrentar o Fluminense na semifinal da Taça Rio. Além da vaga na decisão do segundo turno para pegar o Vasco, o jogador quer manter a invencibilidade dele e da equipe.
- É claro que a derrota um dia irá acontecer, mas nossa equipe não quer que isso aconteça tão cedo. Teremos pela frente um grande adversário, que atravessa um momento especial. Certamente virão com força. Mas isso ao mesmo tempo fará com que entremos ligados desde o início da partida. Será um belíssimo jogo. Se Deus quiser continuarei minha invencibilidade. Se isso acontecer, é sinal de que o time seguirá no bom caminho que está – disse Felipe.
Os recordes não param por aí. O paredão rubro-negro está entre os goleiros menos vazados após 22 jogos. Felipe perde apenas para Cantareli, goleiro do clube nas décadas de 70, 80 e em 1990.
- Estar na história do Flamengo em tão pouco tempo só me deixa ainda mais honrado em vestir essa camisa. E, por ironia do destino, graças a Deus o goleiro menos vazado nos primeiros 22 jogos com a camisa rubro-negra é o meu preparador. O Cantareli faz parte da história do Flamengo e estar ao lado dele no dia-a-dia de treinos me faz perceber a importância de vestir essa camisa 1.
Felipe gosta, mas não se empolga com os números. Além de estatísticas positivas, quer manter o bom desempenho para conquistar títulos.
- Esses números são legais para caramba. Fico lisonjeado de por alguns instantes fazer parte da história do Flamengo de alguma forma. Mas isso é passageiro. Não me influencia no dia-a-dia dos treinos. Não me preocupo em manter isso (os números). O mais importante é treinar duro e me dedicar ao máximo nos jogos para ajudar como eu posso a minha equipe. Cada um fazendo a sua parte no grupo fará com que o time vença. Isso é o mais importante. As estatísticas individuais são consequência de um bom trabalho em equipe.
Goleiros invictos após 22 jogos:
Felipe - 2011 (nenhuma derrota e 14 gols sofridos) - 15 vitórias e sete empates
Jurandir - 1942 (nenhuma derrota e 25 gols sofridos) - 18 vitórias e quatro empates
Nota: Jurandir sofreu a sua primeira derrota no 25º jogo pelo Flamengo.
Goleiros menos vazados após 22 jogos:
Cantareli - 1973/74 (13 gols sofridos e duas derrotas)
Felipe - 2011 (14 gols sofridos e nenhum derrota)
Ubirajara Motta - 1972 (14 gols sofridos e duas derrotas)
Dominguez - 1968/69 (14 gols sofridos e duas derrotas)
Fillol - 1984 (15 gols sofridos e duas derrotas)
Outros goleiros importantes da história do Flamengo após 22 jogos:
Raul - 1978 (18 gols sofridos e quatro derrotas)
Zé Carlos - 1984/85 (19 gols sofridos e cinco derrotas)
Ubirajara Alcântara - 1968 (19 gols sofridos e cinco derrotas)
Gilmar - 1991 (20 gols sofridos e quatro derrotas)
Clemer - 1997 (21 gols sofridos e seis derrotas)
Julio César - 1997 (22 gols sofridos e quatro derrotas)
Bruno - 2006 (31 gols sofridos e sete derrotas)
Garcia - 1949 (35 gols e sete derrotas)
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