Elias terá de seguir treinando à parte no Sporting (Foto: André Durão)
No domingo, o otimismo era enorme. Na segunda-feira, a esperança continuou mesmo quando um rival entrou no negócio. Na terça, o Corinthians passou da quase certeza à desistência nas conversas que poderiam trazer o volante Elias de volta ao clube em que foi ídolo entre 2008 e 2010. Sem poder fazer loucuras, a diretoria alvinegra recusou a contraproposta do Sporting e não pretende sequer voltar a negociar na próxima janela internacional de transferências, entre julho e agosto.
Os portugueses pediram 8 milhões de euros (mais de R$ 25 milhões) pelos 50%¨dos direitos econômicos que lhes cabem – a outra metade é da Quality Football Ireland Limited, fundo de investimentos capitaneado pelo empresário Jorge Mendes. Do valor total, 4 milhões seriam em dinheiro, com forma de pagamento a ser acertada, e 4 milhões em direitos sobre cinco jogadores do elenco corintiano: Zé Paulo, Guilherme Arana, Malcom, Pedro Henrique e Fabiano, todos recém-promovidos das categorias de base.
A resposta chegou por e-mail e assustou o diretor de futebol Ronaldo Ximenes, que até então tratava o negócio como encaminhado.
Ficou inviável. Não iria penhorar metade do elenco para ter um jogador"
Ronaldo Ximenes
– Ficou inviável. O Mano fez o pedido, era um jogador que queríamos muito, mas temos de ter responsabilidade. Tenho de pensar no melhor para o clube, e não iria penhorar metade do elenco para ter um jogador. Essa proposta só favoreceria o Sporting – explicou o diretor.
Ainda havia uma série de exigências: que Elias abrisse mão dos valores atrasados que o Sporting lhe devia e que retirasse a ação que move na Fifa para buscar seus direitos; e que o Corinthians pagasse ao órgão que comanda o futebol o valor referente à cláusula de solidariedade: 5% do valor total para ser repartido entre clubes formadores do atleta.
– A partir daí, ficou clara a falta de interesse que eles tinham em negociar. (O negócio) seria bom para todo mundo, inclusive para eles. Infelizmente, não entenderam assim – lamentou Ximenes.
Enquanto as conversas tinham em pauta as duas propostas enviadas pelo Corinthians, a postura era de esperança e confiança. Até porque o Sporting não pretende utilizar Elias em seu time principal, e um empréstimo ao clube brasileiro seria a oportunidade de valorizar o jogador e negociá-lo por valor ainda maior nas próximas janelas de transferências. O argumento apresentado pela diretoria alvinegra não foi aceito.
Não haveria problema, pois o Corinthians tinha outra proposta nas mãos dos portugueses: compra de 50% dos direitos econômicos por quatro milhões de euros (R$ 12,7 milhões). Na segunda-feira, já com o Flamengo na disputa, a confiança estava mantida. Na visão alvinegra, a última cartada flamenguista era apenas protocolar, para mostrar que o clube carioca fez de tudo para tentar o retorno de Elias – ele deixou o Rubro-negro no fim do ano passado.
Ronaldo Ximenes queria atender ao pedido de Mano, mas não conseguiu (Foto: Rodrigo Faber)
O acordo começou a desandar na noite de segunda-feira, com constantes sumiços dos diretores portugueses, que pararam de responder e-mails e atender aos telefonemas. A negociação só ganhou sobrevida graças a um erro dos clubes – e da imprensa – sobre a data final de transferências internacionais: todos trabalhavam com 31 de março; era 1º de abril.
Nesta terça, a mesma coisa. O Sporting passou boa parte do dia em silêncio, e só se manifestou com o e-mail e a proposta considerada absurda. O Corinthians notou falta de interesse dos portugueses em fechar o negócio. Prontamente desistiu.
– O tratamento sempre foi cordial, mas eles são muito morosos. Não consigo entender. Não sei o grau de interesse que eles tinham na negociação, mas agora o jogador vai continuar treinando separadamente, com um custo relativamente alto... Chegamos aos valores, teríamos as garantias, mas a proposta deles foi absurda. Não tem cabimento dobrar uma proposta pelo mesmo percentual dos direitos. Se aumentassem pouca coisa, a conversa continuaria – assegurou Ronaldo Ximenes.
O Sporting atribuiu o fracasso nas negociações ao fundo comandado por Jorge Mendes, mas não deixou claro o motivo do imbróglio. A diretoria corintiana recebeu a informação de que os portugueses só venderiam os 50% que têm sobre Elias se conseguissem adquirir os 50% pertencentes aos empresários. As horas que os corintianos gastaram para tentar um acordo foram em vão. Insatisfeito, o volante vai continuar em Portugal à espera de uma nova janela de transferências
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