Véspera de decisão de carioqueta, nossa baranga está mais uma vez na alça de mira. Joia. Como vocês já conhecem o protocolo vou pular aquela parte do blá. Vamos logo aos finalmentes.
Aparentemente a única grande questão a cingir espiritualmente a maior torcida do mundo é o fruto mais carnudo da frondosa árvore da discórdia Carioca x Libertadores. Pra pegar a baranga no jogo 1 da decisão o Flamengo escala a força máxima ou deixa o serviço teoricamente mais simples e de menor relevância pros moleques do time B ou C?
Os mais sensatos muito provavelmente responderão: sei lá, tanto faz, é o vice, quem se importa com a porcaria do Carioca? Entretanto, aqueles torcedores mais ligados nos mitos da nossa gênese argumentarão que o Flamengo não pode, em nenhuma circunstancia, fugir à sua própria natureza. Nos lembrando que o vermelho e preto da Gávea entra em todas as competições pra vencer. O que implica obrigatoriamente em escalar a mulambada Tipo A sempre que estiver em jogo uma taça, sobretudo se o adversário é o nosso freguesão mais dileto.
Adoro um debate inflamado, o confronto ardente de ideias e de filosofias. Mas desconfio que essa discussão já não tem muita razão de ser. Muitas vezes superestimamos o valor da opinião e hoje em dia opinião é igual ar-condicionado de carro, não dá o menor status, todo mundo tem a sua. Mas se existe uma opinião que indiscutivelmente vale muito é a do Jayme. E o Jayme já explanou que amanhã, pra sacudir a bigoduda, vamos entrar com os meninos enquanto deixamos os homens descansarem pro jogo importante de quarta-feira. Pronto, tá resolvido.
Acho que é importante ganhar todas da vasquinha, em qualquer situação e mais ainda em decisão de carioqueta. Mas confesso que mesmo fazendo questão de ser campeão carioca de 2014 não estou muito preocupado com o resultado do jogo de amanhã. Não é só por causa da transcendente importância do jogo com o Leon, mas porque é muito improvável que a vasca, por melhor que ela se apresente, seja capaz de nos causar um estrago que não possa ser revertido na próxima partida. Não podemos esquecer que jogaremos com a bigoda por dois empates. Está tudo na nossa mão.
A longa, mas nunca monótona, série de triunfos do Mengão sobre a vasca parece uma corda esticada. Que a cada decisão perdida pelo bacalhau fica ainda mais tensa. É óbvio que um dia essa corda vai arrebentar. Ou o Flamengo finalmente perde uma pra eles, o que não significaria grande coisa, ou os tugas depois de amargar mais um vice campeonato se convencem de que aqui no Rio não dá mais pé e começam sua hégira rumo ao Espírito Santo ou a alguma outra unidade da federação onde ainda haja espaço para um time médio com camisa feiona. Tudo pode acontecer.
Bater mais um prego no caixão do vice amanhã seria legal, divertido e educativo. Mas, cá pra nós, não resolveria a parada, ainda teríamos que jogar com esses malas domingo que vem. E nem significaria muito do ponto de vista moral. Imaginemos que o jogo seguirá a tendência histórica e que vamos esculachar o cliente mais uma vez. E daí?
Ninguém em são consciência vai sair do Maracanã amanhã se achando o fodão só porque o Flamengo perfurou mais uma vez a baranguete, inflamado por uma motivação beatífica que possa influir decisivamente na performance do time no jogo pela Liberta, que é a única competição com a qual nos importamos no momento. Meus amigos, longe de mim não dar o devido valor ao carioqueta, mas diante dos nossos objetivos ganhar dos caras nesse momento vale muito pouco.
E sobretudo não devemos desconsiderar que a despeito do momento dos dois times clássico é clássico e vasco versa. Futebol é fascinante porque não tem lógica e tudo pode acontecer. Mesmo que o Flamengo entrasse em campo recheado de medalhões poderia, por obra do acaso ou da ironia dos deuses do futebol, se dar mal diante do recalcitrante especialista em vice campeonatos de São Janu. É bastante improvável, mas não é impossível.
Ou seja, seria muito vacilo expor os nossos jogadores aos riscos inerentes a qualquer jogo de futebol, riscos que aumentam em função do incremento natural na intensidade da disputa em uma decisão, pra jogar contra uns desesperados mofando há 11 anos na fila da carne. Economizemos nossas canelas para partidas que sejam verdadeiramente decisivas. Poupemos nossos craques e nossas energias para jogos que valham alguma coisa a mais que outra jarra de lata destinada a acumular poeira nas abarrotadas estantes da nossa impressionante sala de troféus lacustre.
Claro que queremos vencer o Carioca. O problema é que para a maioria dos jogadores as recompensas mundanas pela conquista de um carioqueta são muito semelhantes às de uma conquista de Libertadores. Ninguém vai passar a comer muito melhor do que já está comendo só porque o Flamengo ganhou outra do vice. É o nosso maior prazer velo brilhar, seja na terra seja no mar, mas o triunfo menor pode arrefecer o ímpeto conquistador dos caras. Balzac dizia que cada noite de prazer era uma página a menos na sua obra literária. Ganhar o Carioca é bonitinho, mas pode significar menos gás pro sprint da Libertadores.
Por outro lado, o futebol carioca é feudal e o Flamengo é o único e incontestável senhor do castelo. Para que o status quo e as atuais estruturas de poder se mantenham inalteradas é fundamental que doutrinemos os vilões que vivem à sombra do nosso castelo. Sempre. Se eles não são devidamente doutrinados não podemos partir em paz para as Cruzadas. E a nossa Cruzada, desde 1982, é a Libertadores da América. O resto é miudeza.
Mengão Sempre
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Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo no sócio torcedor.
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