Uma noite que fez renascer o mito do "clube da fé", como o São Paulo é chamado pelos mais velhos em terras paulistas. A tarefa era complicada. Afinal, não bastava vencer o melhor time da fase de classificação da Taça Libertadores da América. Era preciso ganhar e ainda torcer por uma vitória do Arsenal no confronto diante do Strongest, na Argentina. Cinquenta mil vozes fizeram sua parte nas arquibancadas do Morumbi e empurraram o Tricolor rumo à segunda fase do torneio sul-americano. Sem ser brilhante, mas com muita raça, a equipe de Ney Franco fez o suficiente para bater o Galo por 2 a 0 e, ajudado pelo triunfo argentino por 2 a 1, garantiu a segunda colocação do Grupo 3, com sete pontos, mesma pontuação do Arsenal, mas com vantagem no saldo de gols.
O mais irônico: São Paulo e Atlético-MG vão se reencontrar nas oitavas, com o Galo decidindo a vaga em Belo Horizonte. Para o time de Cuca, a única motivação no Morumbi era arrancar um empate que eliminaria um rival forte. Não deu. Com uma atuação bem abaixo da média recente, o Atlético-MG vê o São Paulo resssurgir das cinzas. Promessa de mais dois duelos eletrizantes nas oitavas de final.
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Com Luis Fabiano suspenso pela sua infantil expulsão ocorrida no empate com o Arsenal e Jadson suspenso, coube ao capitão Rogério Ceni ser um dos protagonistas da noite ao converter o pênalti sofrido por Aloísio. Ademilson, após assistência de Osvaldo, marcou o segundo e garantiu a vitória são-paulina.
Enquanto a Conmebol não confirma as datas dos confrontos, as duas equipes voltarão o foco para seus estaduais no fim de semana. O São Paulo, que já tem a primeira colocação assegurada, fechará a fase de classificação diante do Mogi Mirim, domingo, no interior. Já o Atlético-MG, vice-líder no mineiro, terá o Vila Nova pela frente no mesmo dia.
Pouca emoção na etapa inicial
Muita marcação, algumas jogadas ríspidas e pouca criatividade das equipes. É dessa maneira que pode ser analisado o primeiro tempo do duelo no Morumbi. Os dois treinadores fizeram suspense até o último instante. No São Paulo, Ney Franco, que fechou os dois treinos que antecederam a partida, voltou a usar o esquema 4-2-3-1, com Douglas na linha ofensiva pela direita como substituto do suspenso Jadson. No Galo, Cuca abriu mão do esquema com três atacantes. Com um problema na coxa direita, Diego Tardelli foi vetado após um teste no vestiário. Com Guilherme como substituto imediato, o treinador preferiu reforçar a marcação com a entrada do volante Serginho para ajudar na marcação sobre Osvaldo.
O apoio das arquibancadas era maciço, e o São Paulo iniciou a partida como se estivesse ligado na tomada, uma postura bem diferente das últimas partidas. Nada, no entanto, que assustasse o Galo, que assustou em contra-ataques. A necessidade de buscar o resultado fazia o Tricolor atacar com até sete jogadores.
Precavido, o Galo voltava com todos as suas peças para a intermediária defensiva, o que diminuía muito os espaços. Ronaldinho Gaúcho, experiente, catimbava todos os lances. Cometeu faltas no ataque, para segurar o ímpeto adversário. Com a bola nos pés, valorizava a posse ao máximo e, em cobrança de falta, assustou Rogério Ceni. Foi, sem dúvida, o jogador mineiro mais perigoso.
Com Ganso muito bem vigiado, os donos da casa concentraram seu jogo pela esquerda. Osvaldo era a válvula de escape. Pela direita, apesar da vontade mostrada por Paulo Miranda, pouca coisa acontecia na prática, até porque Douglas não era notado em campo. O Atlético, mais precavido do que o normal, assustou aos 26, em cruzamento de Jô, que desviou na zaga rival e quase encobriu Rogério Ceni.
O São Paulo, apesar da atitude combativa, não obrigou Victor a fazer uma defesa sequer nos 45 minutos iniciais. Na melhor chance, aos 41, Osvaldo foi travado na hora do chute. No mais, foram apenas lances de bola parada com Carleto, bem controlados pela defesa atleticana.
Ceni e Ademilson marcam os gols da classificação tricolor
Insatisfeito com o desempenho da equipe, Cuca resolveu mexer. Sacou Luan e colocou Alecsandro, com o objetivo de segurar mais a bola no campo ofensivo. Do lado contrário, Ney Franco não fez modificações e, no intervalo, disse que faltava arriscar chutes de fora da área.
O São Paulo recomeçou a partida como havia terminado a etapa inicial, com muita vontade e explorando seu lado esquerdo. Com cinco minutos, Carleto errou um cruzamento, mas a bola foi no ângulo de Victor, que voou e fez grande defesa.
Com a mudança, o Galo perdeu velocidade. Mais organizado em campo, o Tricolor fez o Morumbi explodir de alegria quando Aloísio, após grande passe de Osvaldo, foi derrubado na área por Leonardo Silva. Pênalti bem marcado pelo goiano Wilton Sampaio. Na cobrança, Rogério Ceni, que passou mais de uma semana com dores no pé direito, colocou com categoria no canto esquerdo de Victor e fez 1 a 0 - vale lembrar que, contra o Strongest, Ceni bateu pênalti no mesmo canto e disse que, por conta das dores, só poderia bater naquele lado.
O resultado, então, já suficiente para a classificação tricolor, pois em Sarandi o Arsenal abria 2 a 0 no Strongest.
Imediatamente, Cuca abriu seu time, sacando Serginho e colocando Neto Berola bem aberto pelo lado direito. Ao contrário do primeiro tempo, quando jogou à vontade, o Galo sentiu o golpe com o gol que levou. As principais peças sumiram e, apesar da maior posse de bola do time mineiro, Rogério Ceni só era ameaçado em lances de bola parada. Aos 32, Ney Franco mexeu no ataque, sacando Aloísio para a entrada do garoto Ademilson, revelado nas categorias de base.
Nos dez minutos finais, Cuca partiu para o tudo ou nada, com a entrada de outro atacante, Guilherme, na vaga do volante Leandro Donizete. Do lado são-paulino, Rodrigo Caio entrou na vaga de Paulo Miranda. E foi num contra-ataque que o Tricolor matou o jogo. Ganso lançou Osvaldo que, em alta velocidade, avançou e cruzou rasteiro, na medida, para Ademilson, que, de pé direito, fez 2 a 0. Com a vaga nas mãos e a festa nas arquibancadas, foi só esperar o tempo passar e comemorar.
E que venham os confrontos das oitavas!
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