Sobrenome complicado, futebol fácil. Robert Lewandowski, quase sempre com um toque na bola, tornou a missão do Borussia Dortmund um tanto quanto mais tranquila no sonho de disputar a grande decisão da Liga dos Campeões. Dono de uma atuação perfeita, o centroavante marcou quatro vezes e foi o grande nome da goleada sobre o Real Madrid, por 4 a 1, nesta quarta-feira, no Signal Iduna Park, pelo primeiro jogo da semifinal. Cristiano Ronaldo, ainda no primeiro tempo, chegou a empatar para os merengues em 1 a 1, mas pouco conseguiu fazer na etapa final para impedir a derrota.
Desta forma, o Borussia praticamente repete o feito do Bayern de Munique na véspera ao atropelar o Barcelona, por 4 a 0, na Allianz Arena. Em confrontos que se previa um equilíbrio sem favoritismo, a Alemanha abriu uma vantagem no agregado de 8 a 1 contra a Espanha. As partidas de volta serão disputados na próxima semana, terça e quarta, respectivamente no Santiago Bernabéu e Camp Nou.
O time de José Mourinho pode dizer que está em situação menos desconfortável. Ainda assim, terá de vencer por 3 a 0 para conquistar a vaga na finalíssima de Wembley, no dia 25 de maio. A repetição do placar a favor dos merengues leva o duelo para a prorrogação. O Borussia ainda se classificará se perder por 5 a 2, 6 a 3 ou placares adiantes por três gols de diferença.
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Entre os brasileiros, Kaká, por alguns minutos na etapa final, foi o único a pisar de fato no gramado, já que Marcelo, lesionado, sequer viajou a Dortmund, e Casemiro não ficou no banco de reservas por opção de Mourinho. Do lado do Borussia, o zagueiro Felipe Santana, herói contra o Málaga, pelas quartas, comemorou bastante cada um dos quatro gols de Lewandowski, em quem apostou como candidato a destaque da vez em recente entrevista.
Para Mourinho, o jogo teve ainda outro motivo para se tornar um pesadelo. Esta foi a segunda vez em toda a sua carreira que um time seu sofreu quatro ou mais gols. Até o momento, apenas o Barcelona de Pep Guardiola havia imposto tamanha humilhação ao português, justamente no primeiro Superclássico contra o rival, por 5 a 0, no dia 29 de novembro de 2010.
CR50
Mais importante do que a aplicação tática, era não perder o foco por qualquer instante que fosse. O Borussia Dortmund pode dizer que fez um primeiro tempo próximo do ideal, marcando o Real Madrid na origem de suas jogadas, impedindo Xabi Alonso de jogar. A ausência de Di María, no banco de reservas por causa do nascimento de seu filho na véspera, ainda complicou a saída para os contra-ataques por parte dos merengues.
O problema é que um simples descuido dos donos da casa deu ao Real a chance de ir para o intervalo sorrindo. Foi aos 43 minutos, quando Hummels, zagueiro cobiçado por outros gigantes europeus e de grandes atuações nas últimas temporadas, vacilou e permitiu que Cristiano Ronaldo chegasse ao seu 12º gol na atual edição e 50º na era moderna da Liga dos Campeões, igualando-se ao francês Thierry Henry entre os quatro maiores (Ruud van Nistelrooy, Lionel Messi e Raúl completam a lista).
Mas voltemos antes ao que fez o torcedor do Borussia se empolgar na "Muralha Amarela". Talvez com o atropelo do Bayern de Munique sobre o Barcelona na véspera fresco na memória, os aurinegros se lançaram ao ataque desde o início. A estratégia, sempre aliada à marcação sob pressão, logo surtiu efeito.
Pressão para a 'Muralha Amarela'
O primeiro lance de perigo na partida aconteceu aos seis minutos. Marco Reus fez bela jogada, avançou pelo campo merengue e chutou rasteiro no canto de Diego López, que espalmou. Lewandowski não conseguiu alcançar o rebote, mas o goleiro definitivamente não seria um problema para o polonês na noite. Como se viu na sequência, aos oito: Götze, o personagem do pré-jogo por ter sido anunciado como reforço do Bayern de Munique na véspera da partida, cruzou, e estava lá o camisa 9 para completar na pequena área.
O Real pouco produzia. Limitava-se, inclusive, a cruzamentos em faltas da intermediária ou em finalizações de longe de Cristiano Ronaldo. Aos 24, o craque português arriscou em cobrança direita e obrigou Weidenfeller a espalmar para o lado. Foi o máximo que conseguiu até fazer o gol de empate.
Do outro lado, Kuba quase ampliava ao levar vantagem sobre Coentrão, mas foi atrapalhado pela marcação de, vejam só, Higuaín, aos 31. Se o argentino fez até mais do que o seu papel exigia, Hummels nem isso: ele recebeu após cobrança de lateral, não conseguiu recuar e deixou Higuaín livre. O centroavante apenas rolou para Cristiano Ronaldo completar.
Lewandowski acaba com a defesa de Mourinho
Por ironia, o gol sofrido tornou-se apenas um pequeno detalhe diante do que estava por vir. O segundo tempo no Signal Iduna Park mostrou que o Real não é exatamente um time com uma defesa confiável, especialmente em confrontos decisivos. Depois de vacilar repetidamente contra o Galatasaray, pelo jogo de volta ainda das quartas de final, o setor que costuma ser o ponto forte das equipes de Mourinho falhou e permitiu que o Borussia, assim como o Bayern, desse um gigantesco passo rumo à classificação.
O show dos donos da casa novamente teve gol no início. Aos quatro, Reus pegou sobra na entrada da área e chutou rasteiro. Lewandowski conseguiu dominar no meio do caminho e tirou com categoria de Diego López. Sergio Ramos protestou, mas a jovem revelação Varane dava condição perto da pequena área.
A Muralha Amarela já estava em êxtase com a vitória parcial, mas acabou deixando o estádio com uma goleada daquelas, muito melhor do que o triunfo por 2 a 1 e o empate por 2 a 2 dos confronto diante do Real na fase de grupos da Champions. Aos dez, Schmelzer arriscou finalização do lado esquerdo, e a bola sobrou para Lewandowski. O polonês se livrou de Pepe com um lindo drible, e fuzilou a meta dos espanhóis.
Gündogan, aos 16, por pouco também não deixou o seu. O volante driblou dois adversários com uma "meia-lua" e chutou forte, para linda e precisa defesa de Diego López. A noite parecia destinada a ser toda de Lewandowski, que selou o placar de pênalti, aos 22, após Xabi Alonso derrubar Reus na grande área. Um chute forte, seco, no meio do gol, liberava os alemães para se imaginarem em Londres no dia 25 de maio. O que só foi ratificado com as defesas de Weidenfeller diante da pressão do Real nos minutos finais.
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