Fábio Santos não se contentou em apenas participar da festa de campeão mundial do São Paulo em 2005. Ao ver Rogério Ceni levantar a taça no estádio de Yokohama, o lateral-esquerdo prometeu para si mesmo que voltaria ao local no futuro como protagonista de uma nova conquista. Neste domingo, contra o Chelsea, às 8h30m (de Brasília), ele cumpre a promessa com a chance de coroar o grande momento que vive na carreira.
- Nós brincamos que com o título Mundial você vira jogador de verdade. É a principal competição, o sonho de todos – afirmou.
Nesta entrevista concedida ao GLOBOESPORTE.COM no hotel em que a delegação do Timão está concentrada para a decisão, Fábio Santos relembra os momentos difíceis vividos na carreira até chegar à redenção. E a volta por cima veio em grande estilo, jogando no segundo clube mais popular do país diante de uma exigente e imensa torcida.
– Parece tudo estava guardado para um momento certo. A proporção e a visibilidade aqui são muito maiores – destacou.
Mais do que um jogador em busca de novos títulos, Fábio Santos é um contador de causos que ajuda o Corinthians a manter a união do grupo como um dos pontos fortes. Rei da resenha no Timão, ele entrega as “quebradas” dos companheiros na histórica passagem pelo Oriente.
– Conversa boa não pode ficar parada (risos).
Confira os principais trechos do bate-bapo com Fábio Santos:
Aqui no Corinthians tudo casou. Parece tudo estava guardado para um momento certo"
Fábio Santos
GLOBOESPORTE.COM: Você surgiu no São Paulo como uma grande aposta, foi campeão do mundo em 2005, mas não se firmou. Como é voltar ao Japão nesse novo momento da carreira?
Fábio Santos: O começo da minha carreira tinha tudo para ser melhor. Mesmo em uma grande equipe como o São Paulo, as coisas não aconteceram como eu gostaria, no sentido de me firmar, conquistar títulos como titular. Quando conquistei o Mundial, botei na minha cabeça que queria voltar sendo mais participativo. Depois de sete anos, consegui em um clube como o Corinthians, em que a proporção é muito maior. Estou muito motivado. Foi um objetivo que criei e estou conseguindo realizar agora.
Fábio Santos: O começo da minha carreira tinha tudo para ser melhor. Mesmo em uma grande equipe como o São Paulo, as coisas não aconteceram como eu gostaria, no sentido de me firmar, conquistar títulos como titular. Quando conquistei o Mundial, botei na minha cabeça que queria voltar sendo mais participativo. Depois de sete anos, consegui em um clube como o Corinthians, em que a proporção é muito maior. Estou muito motivado. Foi um objetivo que criei e estou conseguindo realizar agora.
O que você precisou mudar para conseguir fazer a carreira deslanchar?
Nunca mudei, minha postura sempre foi esse. É preciso ter paciência. Mas as coisas nunca aconteciam, sempre tinha algum problema. Não tinha uma resposta para isso. Joguei em todos os clubes que passei, mas não criei uma identidade. Eu sempre fui muito obediente taticamente, mas era difícil ter o reconhecimento do torcedor, que gosta de jogadores mais ofensivos. Não sei se agora foi por causa do esquema do treinador. Aqui no Corinthians tudo casou. Parece tudo estava guardado para um momento certo. A proporção e a visibilidade aqui são muito maiores.
Nunca mudei, minha postura sempre foi esse. É preciso ter paciência. Mas as coisas nunca aconteciam, sempre tinha algum problema. Não tinha uma resposta para isso. Joguei em todos os clubes que passei, mas não criei uma identidade. Eu sempre fui muito obediente taticamente, mas era difícil ter o reconhecimento do torcedor, que gosta de jogadores mais ofensivos. Não sei se agora foi por causa do esquema do treinador. Aqui no Corinthians tudo casou. Parece tudo estava guardado para um momento certo. A proporção e a visibilidade aqui são muito maiores.
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Todos os jogadores do Corinthians receberam cartas de familiares antes da estreia no Mundial. O quanto isso ajuda na preparação?
Não ganha jogo, mas eu gosto bastante. Alguns jogadores não gostam, acham que não influencia em nada. Eu gosto. Sou muito apegado à minha família e para mim vale muito a pena. A motivação de disputar um Mundial é grande, com ou sem carta, mas relembrar o passado e valorizar essas pessoas ajuda bastante.
Não ganha jogo, mas eu gosto bastante. Alguns jogadores não gostam, acham que não influencia em nada. Eu gosto. Sou muito apegado à minha família e para mim vale muito a pena. A motivação de disputar um Mundial é grande, com ou sem carta, mas relembrar o passado e valorizar essas pessoas ajuda bastante.
Como era esse contato nos momentos ruins?
Sempre me apeguei à família, não tem como fugir disso. Meus pais e minha esposa sempre me deram suporte. Minha esposa cita nessa carta que recebemos tudo o que passamos. No Cruzeiro, quando perdemos o Campeonato Mineiro, as esposas ficaram encurraladas pela torcida no estádio, xingadas de tudo que era nome. Já vi minha mãe sair chorando de estádio, meu pai nunca mais foi em um jogo por isso. Isso faz você amadurecer. Agora vejo a felicidade deles pelos títulos, chegar à Seleção.
Sempre me apeguei à família, não tem como fugir disso. Meus pais e minha esposa sempre me deram suporte. Minha esposa cita nessa carta que recebemos tudo o que passamos. No Cruzeiro, quando perdemos o Campeonato Mineiro, as esposas ficaram encurraladas pela torcida no estádio, xingadas de tudo que era nome. Já vi minha mãe sair chorando de estádio, meu pai nunca mais foi em um jogo por isso. Isso faz você amadurecer. Agora vejo a felicidade deles pelos títulos, chegar à Seleção.
Até mesmo no Corinthians você enfrentou dificuldades, como assumir o lugar do Roberto Carlos exatamente no jogo da eliminação na Libertadores contra o Tolima, na Colômbia...Jogar no Corinthians é diferente de qualquer outro canto. Passar por tudo isso na minha carreira ajudou bastante. Fomos eliminados pelo Tolima (na fase prévia da Libertadores de 2010) e tivemos força para reagir. Se eu não tivesse passado por todas essas experiências, talvez, não daria a volta por cima. Foi importante passar por tudo que passei no São Paulo para chegar no meu melhor momento aos 27 anos.
Quanto vale um título mundial?
Nós brincamos que com o título Mundial você vira jogador de verdade. É a principal competição, o sonho de todos. Nós sabemos a diferença financeira e de estrutura para a Europa. Você conquistar um título dessa grandeza contra o campeão da Liga dos Campeões é uma valorização muito e um respeito muito grande. É o auge para o jogador.
Nós brincamos que com o título Mundial você vira jogador de verdade. É a principal competição, o sonho de todos. Nós sabemos a diferença financeira e de estrutura para a Europa. Você conquistar um título dessa grandeza contra o campeão da Liga dos Campeões é uma valorização muito e um respeito muito grande. É o auge para o jogador.
Você foi convocado duas vezes pelo Mano Menezes para a Seleção Brasileira. Como imagina que possa ser com o Felipão? O título mundial pode ajudar?
O título credencia para o treinador da Seleção olhar de uma maneira diferente. O Corinthians dá tudo o que você precisa para chegar à Seleção. Para mim, o Marcelo (do Real Madrid) é o titular, o principal jogador, mas vejo uma outra vaga aberta. Não sei como o Felipão vai trabalhar, creio que seja chamando jogadores mais experientes, mas tenho a Seleção como objetivo, indo muito com os pés no chão e aos poucos. Para isso, é importante conquistar títulos sempre
O título credencia para o treinador da Seleção olhar de uma maneira diferente. O Corinthians dá tudo o que você precisa para chegar à Seleção. Para mim, o Marcelo (do Real Madrid) é o titular, o principal jogador, mas vejo uma outra vaga aberta. Não sei como o Felipão vai trabalhar, creio que seja chamando jogadores mais experientes, mas tenho a Seleção como objetivo, indo muito com os pés no chão e aos poucos. Para isso, é importante conquistar títulos sempre
O Tite sempre destaca a união do elenco do Corinthians. É difícil manter esse companheirismo com tantos dias de concentração?
O ano é muito desgastante. Em todos os clubes que trabalhei, chega outubro ou novembro sempre tem uma discussão porque o cara não tem mais paciência. Esse grupo é diferente. Estamos concentrados há 15 dias e as brincadeiras são as mesmas, não tem discussão ou briga. Por isso, é muito bom.
O ano é muito desgastante. Em todos os clubes que trabalhei, chega outubro ou novembro sempre tem uma discussão porque o cara não tem mais paciência. Esse grupo é diferente. Estamos concentrados há 15 dias e as brincadeiras são as mesmas, não tem discussão ou briga. Por isso, é muito bom.
Muitos dias e muitas histórias. O pessoal anda dando muita bola fora nessa viagem?
Nossa Senhora! Tem (história) demais, demais, demais...alguns acham que sabem falar inglês. O Douglas morou cinco meses em Dubai e acha que sabe falar. O Paulo André também. Mas ele não é jogador, né? Ele é um lord (risos). Outro dia, o cara do hotel derrubou um negócio na mesa do Romarinho e pediu desculpas em inglês. Ele respondeu em português: “Não esquenta a cabeça, não, parceiro!” (risos).
Nossa Senhora! Tem (história) demais, demais, demais...alguns acham que sabem falar inglês. O Douglas morou cinco meses em Dubai e acha que sabe falar. O Paulo André também. Mas ele não é jogador, né? Ele é um lord (risos). Outro dia, o cara do hotel derrubou um negócio na mesa do Romarinho e pediu desculpas em inglês. Ele respondeu em português: “Não esquenta a cabeça, não, parceiro!” (risos).
Você, como um dos líderes da resenha, vai voltar para o Brasil com o repertório cheio de novas histórias...
É que as coisas acontecem na minha frente. O cara cai na minha frente, fala errado ao meu lado. Eu não guardo segredo, não. Espalho para todo mundo mesmo. Quando o pessoal quer fazer uma conversa andar, contam para mim mesmo. Conversa boa não pode ficar parada (risos).
É que as coisas acontecem na minha frente. O cara cai na minha frente, fala errado ao meu lado. Eu não guardo segredo, não. Espalho para todo mundo mesmo. Quando o pessoal quer fazer uma conversa andar, contam para mim mesmo. Conversa boa não pode ficar parada (risos).
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