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Após ser contratado pelo Manchester United em 2003, não demorou muito para Cristiano Ronaldo debutar na seleção portuguesa principal. Quatro dias depois da primeira partida pelos Red Devils, o gajo estreou num amistoso contra o Cazaquistão (vitória de 1 a 0,no dia 20 de agosto). E um brasileiro testemunhou de perto a evolução do jogador. Felipão, então comandante de Portugal, apostou em Ronaldo, xará de craques que haviam brilhado com a amarelinha sob o seu comando, como o substituto de Luís Figo até vê-lo se tornar capitão da equipe nacional quatro anos depois.
- Os dois Ronaldos com quem havia trabalhado – o Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho - foram espetaculares. E aí eu dizia que iria formar um ataque "3R". Mas, obviamente, pensei isso de brincadeira. Todo o técnico que estivesse no comando da seleção de portugal o convocaria naquela oportunidade. Participar do seu sucesso me deixa muito feliz.
Um dos maiores da história"
Felipão, sobre Cristiano
O estrelato veio rápido. Cristiano Ronaldo assumiu a condição de protagonista do Manchester United. Estava rico. E logo tratou de ajudar toda sua família: tirou a mãe do trabalho, comprou uma loja de roupa para a irmã mais velha, Elma, e ajudou a mais nova, Cátia, a lançar um CD.
Veio a Eurocopa de 2004. Anfitrião da competição e favorito ao título, Portugal fez uma excelente campanha, mas foi derrotado pela Grécia justamente na final do torneio por 1 a 0. Em Lisboa, o Estádio da Luz, palco da grande decisão, ficou pequeno para tanta desilusão. Ronaldo chorou como uma criança, lembrou o goleiro Ricardo, companheiro do craque na seleção.
- Perder a Eurocopa na nossa casa foi muito triste, e Cristiano ficou muito chateado. Mas ele, sem dúvida alguma, conseguiu dar a volta por cima, atingiu o alto nível e fico muito feliz por isso. Quando chegou à seleção, ele era o mais novo do grupo e nós (os jogadores) víamos que ele tinha um potencial fantástico. Era uma figura muito carismática. E desde então, pudemos acompanhar de perto sua evolução. Creio que ainda poderá ir além de suas metas como atleta e conquistar tudo o que desejar.
Mesmo com a frustração da perda do campeonato, Ronaldo seria figura constante nas convocações seguintes. Pela seleção, o jogador ainda disputou as Copas do Mundo de 2006 e 2010 e as Eurocopas de 2008 e 2012.
Fora de campo, no entanto, o destino foi cruel com o jogador. Em setembro de 2005, Diniz Aveiro, pai do atleta, morreu em Londres, vítima de uma crise renal. E coube a Scolari dar a notícia do falecimento ao atleta.
- Foi muito triste e emotivo. Sabia o quanto o Cristiano gostava do pai – contou Felipão.
- Foi um momento muito complicado. Aconteceu nas vésperas da partida contra a Rússia, pelas eliminatórias europeias para a Copa do Mundo de 2006. O Felipão foi conversar com ele para dar essa triste notícia e, portanto, cabia a nós jogadores fazermos de tudo para que ele pudesse suportar essa dor da melhor forma possível. Talvez por isso, depois, chegamos tão longe no mundial. Nosso grupo era unido – completou o goleiro Ricardo.
Títulos e mais títulos
A morte do pai, entretanto, não abalou Cristiano Ronaldo, que ganhou vários títulos no Manchester United. Com as honrarias coletivas chegaram também os prêmios individuais. Em 2008, o meia-atacante tornou-se o segundo jogador na história a conquistar, em uma mesma temporada, o prémio de Melhor Jogador do Mundo da Fifa, a Chuteira de Ouro (foi o maior artilheiro europeu com 31 gols anotados) e a Bola de Ouro da Revista France Football. Um feito até então só alcançado por outro Ronaldo, o Fenômeno, em 1997.
- O mais importante é que ele queria e conseguiu. Ver o Cristiano brilhando cada vez mais é motivo de orgulho, ainda mais por ser seu amigo e saber o quanto se dedica a melhorar. Mas para que ele tivesse todo este sucesso, muitos outros, antes de mim e depois de mim, o ajudaram. É um dos maiores jogadores da história, sim – disse Felipão.
Mais maduro, o jogador português passou a ser um exemplo para os mais jovens. Nessa época, os laterais brasileiros Fábio e Rafael já começavam a dar seus primeiros passos na equipe principal dos Red Devils. Fábio, emprestado recentemente ao Queens Park Rangers, agradeceu o que Ronaldo fez pela dupla.
- Quando subimos para o time principal (em 2008), ele já era o melhor do mundo e um grande espelho para nós. Éramos bem novinhos. Foi uma pessoa que nos ajudou bastante no início da carreira. Principalmente, na adaptação. O idioma (o português) facilitava bastante a nossa comunicação com ele. Sem dúvida alguma, ele teve uma pontinha de participação na nossa história. E nós o agradecemos por isso.
Confira nesta quinta-feira a "Era Galáctica" de Cristiano Ronaldo na última parte da série sobre os dez anos de profissional do craque português do Real Madrid.
* Sob a supervisão de Marcos Felipe
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