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Há alguns anos o torcedor mais antenado do Flamengo sabe quem é Adryan. Em 2012, enfim, ele pôde ver a maior promessa recente das categorias de base do clube em campo como profissional. Apesar de ter cativado os rubro-negros, foi uma temporada de "altos e baixos", como define o próprio jogador, que está treinando com a seleção brasileira sub-20 na Granja Comary para o Sul-Americano da categoria. As atuações convincentes e empolgantes se alternaram, com uma frequência grande, com partidas apagadas e cortes dos jogos.
O ano conturbado do Flamengo acelerou o processo de profissionalização de vários jovens, mas também jogou sobre os ombros da garotada, em vários momentos, a responsabilidade de comandar um time rodeados por confusões e problemas, dentro e fora de campo, durante toda a temporada. A expectativa é que, com a provável reformulação da equipe e com um ambiente mais calmo, os jovens possam ter mais tranquilidade para mostrar o futebol e conquistar, de vez, espaço no time.
Porém, em relação a Adryan, de apenas 18 anos, é possível que não haja tempo para isso. O contrato com o Flamengo vale até o início de 2014, e daqui a pouco mais de seis meses o meia poderá assinar pré-contrato com qualquer clube, como permite a lei. O assédio existe, Adryan não descarta a possibilidade e cobra:
- Falta pouco tempo para faltarem seis meses para o fim do meu contrato. E se o Flamengo não tomar uma posição...
Independentemente dos altos e baixos e do futuro no Flamengo, Adryan está pré-convocado para o Sul-Americano Sub-20, que acontece na Argentina, entre janeiro e fevereiro. Camisa 10 e destaque da conquista do Sul-Americano Sub-17 em 2011, o meia reencontra agora o técnico Émerson Ávila na sub-20.
Em preparação na Granja Comary, ele conversou com o GLOBOESPORTE.COM e falou, entre outras coisas, do casamento com a modelo Nathália Lima, da filha Laura que nascerá daqui a alguns meses, da Seleção sub-20, das chamadas do técnico Dorival Júnior, do assédio feminino, da convivência com o Imperador Adriano, admitiu ficar chateado com o "entra e sai" do time e se colocou à disposição para ser o camisa 10 do Flamengo em 2013.
Confira os principais trechos da entrevista:
Seleção sub-20
É um grupo muito qualificado. De início, todos estão se conhecendo. O professor (Émerson Ávila) nos conhece há algum tempo. Os trabalhos estão sendo bem feitos. Agora é focar do trabalho para dar tudo certo.
Disputa por vaga na equipe
Tenho certeza que todo o grupo tem uma qualificação muito grande, independentemente de quem seja titular, reserva ou for cortado. Essa disputa vai fazer o grupo ficar ainda mais forte. E quem estiver jogando vai dar conta do recado. Temos que fazer o nosso trabalho e tentar esquecer um pouco essa disputa por posição. É lógico que temos que dar o máximo, existe a competitividade. Mas nunca querendo o mal do companheiro. No fim, é o treinador quem define (NR: dos 27 jogadores pré-convocados, cinco serão cortados para o Sul-Americano).
Temporada 2012
Meu ano foi de altos e baixos. Comecei muito bem o Campeonato Carioca. Na minha estreia no profissional (contra o Bonsucesso) fiz um gol. E depois na minha estreia no Brasileirão (contra o Atlético-GO) fiz outro. Foi um início muito bom. O Joel Santana sempre me mandava para os jogos. Foi ele quem me lançou e sempre me colocava como primeira opção. Comecei bem, com passes para gols. Aí veio a troca de técnico, o Dorival chegou. Continuei jogando. Estava como titular, até o jogo contra o São Paulo (derrota por 4 a 1), no Morumbi. Não fomos bem, assim como contra a Portuguesa (empate por 0 a 0), e o Dorival acabou mudando o time. Mesmo assim continuei treinando, mas fiquei fora de alguns jogos, nem mesmo sendo relacionado. Mas nunca deixei cair, treinei sempre bem. Já mais para o fim do ano, o Dorival começou a me escalar de novo e eu consegui dar conta do recado. Fiz gol contra o Grêmio, dei passes importantes. Depois foram vários altos e baixos. Jogava, depois não entrava, era cortado. Não posso considerar que foi um ano muito bom, mas foi um ano que definiu um pouco a minha vida
Chateado?
É claro que esse entra e sai me deixa um pouco chateado, mexe com qualquer um. Mas isso não me abala para não treinar, não fazer o que o treinador pede. Isso tem que virar uma motivação, só pelo fato de estar treinando com o grupo, sendo relacionado para os jogos. Isso vai da cabeça de cada treinador. Tem que dançar de acordo com a dança do técnico. Se ele quer que você faça alguma coisa, você tem que fazer. Se vier outro e pedir para fazer outra coisa, você tem que fazer. E assim vai indo. Sempre muda muito de um técnico para outro, mas isso é normal. Só procuro fazer o meu trabalho, e deixo as definições para eles.
Chamadas do Dorival
Tem treinador que te deixa mais à vontade. Isso pode ser bom ou ruim. O lado positivo de um treinador que te deixa mais à vontade é que você fica realmente à vontade dentro de campo, com confiança para fazer as coisas. O lado ruim é que você pode estar errando e não estar percebendo seus erros. E ter um técnico que cobra, que está sempre avaliando, é estar sempre procurando fazer a coisa certa. É claro que quando se faz uma coisa errada, se toma uma chamada.... O Dorival cobra um pouquinho mesmo, mas isso é normal. Ele está fazendo o trabalho dele e vem dando super certo. Ele tem que cobrar mesmo. Se eu estiver dormindo, tem que me acordar, e eu tenho que escutar os conselhos dele.
Jogo contra o Palmeiras
Claro que fiquei chateado. Tem que ficar, né? Feliz eu não posso estar. Mas respeito meus companheiros, de forma alguma vou torcer para irem mal. Vi o jogo numa boa no vestiário, que tinha televisão. Quando eles voltaram procurei ajudar de alguma forma, oferecendo água. Não desrespeitei ninguém e não chorei (NR: Adryan foi relacionado para a partida em Volta Redonda, mas foi cortado do banco).
Camisa 10
Se for a hora a certa, se eles quiserem, eu estou à disposição. Todos querem ser o camisa 10, independentemente da pressão. Se me derem a 10, vou usar numa boa. Vou preocurar ir bem nesse Sul-Americano, crescer e amadurecer para chegar bem no Flamengo e fazer excelentes campeonatos.
Meia ou atacante?
Do meio para frente jogo em qualquer lugar, de qualquer jeito. Isso são os treinadores que definem. Aqui na sub-20, o Émerson (Ávila) me conhece, já foi meu treinador em duas competições importantíssimas (Sul-Americano e Mundial sub-17). Ele sabe a melhor forma de me escalar, onde posso render mais. Isso é com ele.
Nascimento da filha
É lógico que eu estava preparado. Tenho que assumir as minhas responsabilidades. Não foi nenhuma surpresa, não foi algo que veio como uma bomba. Foi uma coisa mais programada com os meus pais, com a minha família, com a família da minha esposa. A hora certa foi essa. Já sou casado, vou ter a minha filha agora, a Laura. Não quebrei nenhuma regra, estou no caminho certo e é por aí que eu quero seguir. Agora só tenho que me empenhar mais ainda nos treinos do Flamengo para poder dar um conforto maior para a minha filha.
Casamento
A vida de casado está ótima. É muito bom chegar em casa e ter uma companheira ao lado para trocar ideia, para conversar, para levar junto a vida. A vida de jogador de futebol é muito corrida. É bom ter alguém em casa para te elogiar quando estou bem, e quando estou mal ter alguém para conversar. Ela é a pessoa que eu mais confio, mais converso.
Assédio feminino
BATE-BOLA COM ADRYAN | |
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Ídolo | Zidane |
Jogo inesquecível | Flamengo 4 x 0 Bonsucesso, quando marquei um gol na minha estreia como profissional |
Tipo de música | Gospel |
Cantora | Katy Perry |
Comida | Strogonoff de carne. Mas só o da Mari, que é a moça que trabalha lá em casa |
Filmes | Tranformers e Gigantes de Aço |
Livro | Não gosto de ler (risos) |
Mulher bonita | A minha mulher (a modelo Nathália Lima) |
Hobby | Vídeogame. Também jogo tênis, mas é mais o vídeogame mesmo |
Sonho | Ser um grande pai de família |
É claro que isso gera um pouco de ciúmes na minha esposa, mas é normal. Ela já está se acostumando.
Convivência com Adriano no Flamengo
Foi super legal o período que treinei com ele. O Adriano é um cara tranquilo, que estava sempre presente conosco, fazendo os trabalhos bem feitos. Nunca largava. Ele queria se recuperar de verdade. Realmente não sei o que houve. Isso já é um assunto particular dele, não quero falar sobre isso. Mas pelo o que conheci dele, o Adriano é um cara que tem um coração enorme.
Preconceito na base
Meu pai é engenheiro, empresário do ramo de construção. Sempre ouvi: "Ah, esse aí não precisa jogar bola". Mas essas pessoas que falavam isso, hoje eu nem sei onde estão. Sempre ria, achava graça. Falavam em tom de brincadeira, mas toda brincadeira tem um fundo de verdade. Sempre me empenhei nos treinos e fiz bons jogos nas categorias de base do Flamengo. Isso sempre chamou a atenção. O importante é que sempre procurei fazer o meu trabalho, com muita fé em Deus, para dar tudo certo.
Exterior e contrato com o Flamengo
Isso é bem relativo. Estou no Flamengo agora. Não estou com a cabeça em outro lugar. Estou com a cabeça no Flamengo. Mas meu contrato acaba no começo de 2014. Falta pouco tempo para faltarem seis meses para o fim do contrato (NR: quando ele poderá, por lei, assinar um pré-contrato com outro clube). E se o Flamengo não tomar uma posição... Sem perder a humildade, sou um atleta qualificado, sempre fui convocado para as categorias de base da seleção brasileira e logicamente alguns clubes já vieram atrás. A cada vez isso aumenta, cada vez mais a coisa é mais direta. Vamos esperar o que vai acontecer daqui para frente. Já não depende mais de mim. Eu só tenho que jogar a minha bola, e o Flamengo tem que fazer o resto.
O Flamengo já te procurou?
Procurar, procura de vez em quando. Um fala uma coisa, outro fala outra, mas deixo isso nas mãos dos meus empresários. Eles tomam conta disso. Se aparecer alguma coisa, eles me falam.
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