14 de dez. de 2012

Flamengo/Adidas x Corinthians/Nike


Se dentro de campo a disputa do momento envolve a decisão do Mundial Interclubes, entre Corinthians e Chelsea, no mundo dos negócios o embate é outro: qual seria o melhor contrato de fornecimento de material esportivo do Brasil? O acordo recém firmado do alvinegro paulista com a Nike ou aquele em fase de negociação envolvendo Flamengo e Adidas?
Sem muito alarde, o campeão da Libertadores renovou sua parceria com a Nike por mais dez anos em valores não divulgados – mas que seriam os maiores em vigência no futebol brasileiro. Estima-se que apenas em dinheiro o montante anual estaria na casa dos R$ 30 milhões – fora o que é fornecido em material esportivo. OCorinthians utilizou muito bem um momento de vendas excepcionais como trunfo. Um dos poucos clubes brasileiros habituados a vender mais de 1 milhão de peças por ano, não seria exagero projetar que o “bando de loucos” terá consumido entre 1,5 milhão e 2 milhões de camisas em 2012.
Já o Flamengo – que se encontra em processo de negociação com a Adidas – possui o benefício de utilizar as cifras corintianas como parâmetro para firmar parceria ainda melhor. A verdade é que ao menos por ora, é prudente cravar que os valores de ambos se equivalem. Segundo detalhou o blogueiro e repórter da Época Negócios Rodrigo Capelo, a proposta dos alemães  se daria nos seguintes termos:
No ato/curto prazo – R$ 38 milhões
Patrocínio – R$ 12,5 milhões/ano (depois de 5 anos, R$ 17,5 milhões)
Fornecimento – R$ 8 milhões em peças (máximo 110 mil unidades)
Licenciamento mínimo – R$ 8 milhões
Verba de marketing – R$ 1,5 milhão
Total – R$ 363 milhões/10 anos.
Habituado a liderar o ranking de venda de camisas, o Flamengo viu os maus resultados influenciarem na piora de seus números. Ainda assim, eles são de respeito. Segundo informações exclusivas apuradas pelo Blog Teoria dos Jogos, o rubro-negro vendeu 1,5 milhão de camisas em 2009, 1,2 milhão em 2010* e 1 milhão em 2011. O departamento de marketing do Flamengo informou que as estatísticas de 2012 ainda não foram consolidadas, mas estas apontam para uma queda veemente. O que paradoxalmente pavimenta o caminho para um 2013 aquecidíssimo.
Explica-se: entre o final de 2008 e o começo de 2009, o clube da Gávea entrara em litígio com a fornecedora da época – justamente a corintiana Nike. Tendo em vista a negociação concluída com a Olympikus, as vendas despencaram por conta de uma espécie de boicote promovido pela torcida – aguardando o advento dos uniformes da companhia brasileira. Resultado: a grande maioria das tais 1,5 milhão de camisas vendidas em 2009 se deu apenas nos seis últimos meses – com uma mãozona do hexacampeonato brasileiro que o Flamengo acabou por conquistar.
Agora se verifica processo semelhante. O clube se vê em um litígio com a Olympikus, que dificilmente continua – ao mesmo tempo em que maus resultados e caos administrativo levaram a um boicote à própria administração Patrícia Amorim. O horizonte se tornou menos nebuloso após a vitória do grupo de empresários liderado por Eduardo Bandeira de Mello. Adicionalmente, uma espécie de “fetiche” dos flamenguistas pelos uniformes Adidas (fornecedora do Fla à época do título Mundial em 1981) faz com que a mesma projeção do Corinthians-2012 se aplique ao Flamengo-2013: sem tanto esforço, seria possível vender entre 1,5 milhão e 2 milhões de camisas.
Até que se prove o contrário, eis um embate que se mostra empatado. Mas o aumento do poder aquisitivo nas classes mais baixas e nas regiões menos centrais do país configura outra arma, ajudando a pender a balança em favor do novo empresariado rubro-negro.
Um grande abraço e saudações!
E-mail da coluna: teoriadosjogos@globo.com

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