1 de ago. de 2012

Com Flamengo em crise, Patricia Amorim curte Olimpíadas: ‘É um dia no céu e outro no inferno’


Tiago Campante - de Londres
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No meio das mais de 15 mil pessoas que deixavam o Parque Aquático de Londres, na noite desta quarta-feira, eis que surge a presidente de uma nação em crise. Patricia Amorim está longe do olho do furacão do Flamengo, o futebol. Passeia enquanto a torcida no Brasil se agarra a esperança de dias melhores, sem goleadas, caos administrativos, corte de telefone, goleada para o São Paulo e até falta de luz no Ninho do Urubu (há um luz no fim do túnel?). Patricia tenta entrar e sair no anonimato. Mas ainda assim carrega o peso do cargo por onde vai. E admite o desgaste que a faz pensar com calma num ano com duas eleições: para presidência do Flamengo e para a Câmara de Vereadores do Rio. Ela vê a natação e o Flamengo (com perdão ao trocadilho), nada...
- O Flamengo é um desgaste grande. É um dia no céu e outro no inferno. Um dia vão reconhecer o que estamos fazendo - disse ela, antes de responder se isso significava que passava pela sua cabeça a ideia de não ser mais candidata à reeleição no clube. - Olha, quem está no cargo sempre é candidato, mas é muito cedo para falar sobre eleição do Flamengo. Na eleição (para vereador), não consigo ter a mesma disposição das anteriores, porque tenho de administrar o Flamengo também.
A responsabilidade é mesmo grande, ainda mais com o clube sem vencer há quatro jogos no Campeonato Brasileiro. Os problemas vão das especulações em torno da contratação de Paulo Henrique Ganso a explicações para as linhas de telefone cortadas no clube por falta de pagamento. Sobre Ganso, Patricia desconversou.
- Não estive no futebol. Ia no último jogo da seleção, até liguei para o Andrés (Sanchez, diretor de seleções da CBF), mas é longe de Londres. Como não tinha nenhum atleta do Flamengo, preferi ficar em Londres. No Flamengo, tudo pode. Mas não tem nada aqui sendo prospectado sobre isso. Quando fui viajar, disseram: a presidente Patricia Amorim está em Londres contratando o Ganso. E eu não tinha nem saído do Rio! Então, não tem nada. -- afirmou, antes de deixar no ar: -- Se o presidente do Santos quiser fazer um tipo de empréstimo, a gente topa... (risos) O que aconteceu foi: como a seleção treinou na Gávea e eu bati um papo com eles, inclusive com o Ganso, acho que as pessoas levaram isso a ferro e fogo. Depois não teve nenhum contato com o Santos. Com ele (Ganso), sempre em forma de brincadeira. Eu sempre brinco: “A gente está sem um camisa 10. Você cairia como luva”. Mas não temos novidade.
Sobre as contas de telefone não pagas (R$ 26 mil), que gerou corte do funcionamento, Patricia minimizou:
- Soube de manhã e liguei para o Hélio Ferraz para saber. Não é por falta de dinheiro. Talvez alguma falha na organização financeira. É besteira, bobagem. Não deixamos de pagar a dívida do Romário, não ia ser a conta de telefone que deixaríamos de pagar.
Afastada do futebol, Patricia mal acompanhou o último vexame do time. Estava no jogo do basquete masculino horas antes da goleada que o Flamengo sofreu para o São Paulo. Só soube pela internet, depois que os 4 a 1 já tinham sido consumados.
- Quando abri a internet, vi que estava perdendo por 1 a 0 e depois 2 a 0 no finalzinho do primeiro tempo. Mas depois a nossa internet caiu. Só depois soube que foi 4 a 1 - disse Patricia, que tem mantido contato quase diário com Hélio Ferraz.
Longe do futebol, a vida é mais tranquila, mas tem frustrações. A eliminação precoce de Diego Hypolito fez com que Patricia sequer fosse à ginástica. Viu apenas os dois primeiros jogos da seleção de basquete, a partida entre Brasil x Turquia pelo vôlei e a natação. Vai acompanhar a final dos 50m livre, torcendo para que Cielo conquiste, enfim, a primeira medalha rubro-negra nessas Olimpíadas.
- Tomara. Venho para ver os 50m e volto no sábado. Nos 100m, acho que o resultado estava dentro do que ele esperava. Ele dizia que queria baixar dos 48s e ficar em quarto, quinto. Chegou ali em sexto, acho que está dentro do que ele imaginava - afirmou, ao lado da vice de esportes olímpicos do clube, Cristina Callou.
Longe do Rio, a presidente do Flamengo passa ao largo dos protestos da torcida no Brasil e em Londres. De calça jeans, tênis, camisa do Flamengo e um casaco para se proteger do frio, é mais uma na multidão.
- Aqui eu sou uma torcedora comum, andando de metrô, entrando com ingresso. Vai ser difícil o Rio ter uma estrutura como essa aqui - disse, partindo para tomar o transporte de volta para o hotel


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