22 de out. de 2011

Léo Moura chega à versão 3.3 e garante: motor falha, mas não quebra

No domingo, Léo Moura completa 33 anos. Mais um aniversário dentro da concentração, dessa vez para o jogo com o Santos, às 18h, no Engenhão. O motor turbinado, que acelerou grandes momentos na lateral direita, deu uma falhada, confessa o jogador. Mas, depois de jogar com fortes dores numa sequência de partidas, ele garante que está 100%.
Com mais um ano de vida, Léo Moura admite que soube lidar com as críticas na fase ruim. Quando era mais novo, diz ele, ficava p..., queria rebater. Hoje, usa a seu favor.
O jogador fala sobre sua identificação com o clube, fica com os olhos marejados quando lembra o incentivo do pai no começo de carreira e tudo o que o futebol lhe proporcionou.

E também o momento delicado quando soube que tinha um tumor no nariz, em 2010.
- Achei que não poderia mais jogar bola.
Sobre o moicano, diz que não pretende cortar nem tão cedo e lembra quando Neymar, com 12 anos, pediu uma foto ao seu lado.
Na cabeça do aniversariante, além do cabelo espetado, também tem uma ideia fixa:
- Dá para acreditar no título. Quem não acredita não chega a lugar nenhum.
Como Léo Moura chega aos 33 anos? Turbinado, recentemente o motor deu uma falhada...
Faço 33 anos e me sinto muito bem. Eu me cuido. Acho que dá para jogar até 38, 40. Em certos momentos, acontece com qualquer jogador de dar uma caída, o motor dá uma falhada. Tem que me cuidar, pois na posição que jogo, tenho que estar bem. Mas estou muito jovem ainda.
Recentemente, você teve uma queda de rendimento, suas jogadas características não apareciam mais...Você admite essa queda de produção?

Foi ruim, pois o time também passava por um momento ruim e eu não conseguia ajudar. As pessoas não sabiam o motivo. Sentia muita dor no joelho direito, mas não queria abandonar o time (no Campeonato Carioca ele sofreu uma pancada de Conca. O problema se estendeu). Não tinha outro para posição, Galhardo estava na Seleção, Fierro também. Queria jogar, ajudar. Mesmo machucado tive colaboração em gols contra o Figueirense, Santos (deu passes). Falta mais uns golzinhos... (risos). Mas sei o potencial que tenho e quanto o Flamengo espera de mim. Mas as jogadas não estavam acontecendo. Agora, já estou 100%, não sinto mais nada, todos percebem, eu também. Estou mais confiante para fazer as jogadas. Tenho que estar bem para ajudar nesta reta final desse Brasileiro.
Você está há seis anos como titular, passou a ser uma referência. A lateral direita pode ser um setor importante do time?
O torcedor do Flamengo confia muito em mim, o Vanderlei também, por isso tenho que estar sempre bem. Mesmo com jogadores como Ronaldinho e Thiago Neves, que são de alta qualidade, sei que o time ainda depende das jogadas pelo lado direito, tenho noção da minha importância. O pessoal acostumou a ver o Léo bem por ali.
Domingo, seu aniversário, jogo importante contra o Santos...Nem vou perguntar se a vitória seria o melhor presente...


O maior presente seria uma boa vitória boa, com o time jogando bem, vendo a felicidade da torcida. Quero me dar esse presente. Tenho que jogar bem, estou indo para o sétimo ano de Flamengo, cheguei novo, quero continuar aqui. São 33 anos com os momentos mais felizes vividos aqui no clube.
Então, o Flamengo já te deu muitos presentes, mas também momentos difíceis...
Aqui sou muito feliz, conquistei títulos, sou reconhecido, e o Flamengo que me proporcionou isso. Os maiores presentes da minha vida foram o Flamengo que me deu. Faço de tudo para retribuir e dar o retorno, pois sou torcedor também. Vivi momentos tristes como em 2005, quando quase fomos rebaixados. Outro momento foi quando fiquei fora da pré-temporada de 2010, por causa do tumor no nariz, foi muito complicado, achei que não poderia mais jogar bola. Passou um filme que poderia ter terminado ali. Mas estou aí, ainda faltam dois títulos importantes que quero conquistar, que são Libertadores e Mundial. Sonho e acredito nisso. Quem não acredita não chega a lugar nenhum.
Contra o Santos, sem Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves, a responsabilidade aumenta, você novamente será capitão?
A responsabilidade aumenta, time confia em mim, assim como confio em todos. Quando o Ronaldinho não está - ele é o primeiro capitão - eu fico com a faixa, mas independentemente disso minha responsabilidade é grande demais. Estou desde 2005 aqui, já vi montar e desmontar muito time. E eu permaneço ali, seis anos como titular, sei o tamanho da responsabilidade.
E mais um aniversário na concentração...
Estou acostumado a passar datas importantes assim. Falei com minha mãe para eles irem ao hotel para tomar café comigo, minhas filhas, minha mulher. Quero celebrar a manhã positiva para terminar o domingo positivo.


O que mudou no Léo Moura hoje com 33 anos?
Mudei muito. Depois da minha segunda filha (Isabella), mudei bastante, penso muito na minha família, quero aproveitar. Tenho uma vida financeira muito boa, faço meus investimentos para que quando eu pare de jogar minha família possa desfrutar disso. Quero ver minhas filhas (Maria Eduarda, 5 anos, Isabella, 3) curtindo tudo do bom e do melhor. Meu pai não pôde me dar muita coisa, deu o que podia no momento. Acho que tenho que dar o maior conforto para eles.
Tem gratidão ao futebol?
Não sei fazer outra coisa a não ser jogar futebol. Meu pai me incentivou muito. Na época de Botafogo, eu treinava no campo do quartel e ele ficava na Avenida Brasil me olhando. Foi um cara que sempre batalhou e me incentivou, ele e minha mãe. Sou grato por tudo ao futebol. Tenho que dar um pouco melhor para eles (Léo se emociona e tenta conter as lágrimas).
Com a idade o jeito mais explosivo está perdendo para o emotivo, não?

A experiência chega. Lembro que o Romário sempre falava: “você vai ficando mais velho, fica mais chorão, emotivo”. É verdade. Penso muito antes de qualquer atitude. Antigamente ficava p.. com as críticas, queria rebater. Hoje, paro e penso. Com minha cabeça de agora, se estão falando de mim é porque alguma coisa tem. Alguns falam na maldade, mas as pessoas mais centradas, quando falam, têm algum motivo. Tenho que ter discernimento para ver isso. Sei quando não estou bem, meu pai me cobra. Saia do jogo achando que arrebentei, ligo para ele, que sempre tem um detalhe a mais.
Com a experiência da conquista do Brasileiro em 2009, vendo a fase atual, ainda consegue acreditar no título ?
Quando tivemos a fase de dez jogos sem vencer, deu uma esfriada. Depois que deixaram a gente encostar... Ficamos sem vencer, ninguém se distanciou, encostamos e voltamos a acreditar no título. Pela nossa tabela, dá para acreditar.
E esse moicano, vai ficar velhinho com ele?
Tem dias em que acordo, tenho que sair rápido, olho no espelho e falo: “caraca, mané”. Então, meto o boné. Já fui careca e hoje não me vejo sem o moicano. Só quando parar de jogar. Eu fiz o moicano em 2005 para 2006. Então, fui jogar uma pelada na Vila Belmiro, o Neymar devia ter uns 12 anos e pediu para tirar uma foto comigo. Legal que o tempo passou, o Neymar reforçou o moicano. Ele é um ídolo e grande amigo. Fico feliz de ter lançado essa moda no Brasil.

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