26 de mai. de 2011

Em primeiro ano, Chicharito supera barreiras e chega à decisão em alta

Não foi à toa que o Manchester United escondeu de Deus e o mundo o interesse em Javier Hernández, promessa de 20 e poucos anos do Chivas Guadalajara, do México. Mas nem os olheiros que o observaram por algumas vezes, entre 2009 e início de 2010, e avalizaram a contratação por £ 7 milhões (R$ 18 milhões), esperavam tamanho sucesso em sua primeira temporada como um diabo vermelho. O atacante superou quaisquer barreiras de adaptação, transformou a leve desconfiança em certeza de gols, colocou o artilheiro do Campeonato Inglês no banco e foi até o nome de vitórias decisivas. Chicharito, ou Little Pea (Pequena Ervilha) para os ingleses, tem mesmo uma estrela tão grande quanto sua dedicação

É a revelação do ano na Inglaterra. Sentou no banco algumas vezes, mas a cada manhã chegava cedo ao treinamento para melhorar sua força física e era o último a sair – conta Sir Alex Ferguson, técnico do Manchester, sobre seu pupilo, prestes a completar 23 anos, na semana que antecede a finalíssima da Liga dos Campeões, sábado, às 15h45m (de Brasília), contra o Barcelona, no lendário estádio Wembley.
O palco não assusta. Lá ele marcou pela primeira vez com a camisa vermelha de forma oficial – já havia feito em amistosos que o Manchester disputou nos Estados Unidos, em julho. Em jogo que já valia troféu, Hernández anotou o segundo nos 3 a 1 sobre o Chelsea, pela Supercopa da Inglaterra, no dia 8 de agosto. Aos 31 minutos do segundo tempo, o cruzamento rasteiro de Valencia venceu Ivanovic e o goleiro Cech. Chicharito, com o gol vazio, completou com o pé-direito. A bola pegou um rumo inesperado, subiu e bateu com força em seu rosto antes de balançar as redes. Gol de predestinado (clique aqui).
– Chicharito superou o que era esperado dele com folga. As pessoas pensaram que ele poderia ter problemas para se adaptar com a nova vida na Inglaterra e em campo, mas ele tem se revelado uma das melhores compras de toda a temporada. Certamente, o melhor para os torcedores do United, é que parece ter ainda muito mais por vir – afirmou o jornalista Patrick Nathanson, da Rádio BBC

Àquela altura, no entanto, pouco se sabia sobre o mexicano. Demorou-se até para descobrir a origem de seu apelido. Filho de Javier Hernández “Chícharo” Gutiérrez, ex-atacante que disputou a Copa do Mundo de 1986, ele herdou o nome no diminutivo mesmo sem ter os olhos verdes do pai, comparados a uma ervilha.
Com a bola, Chicharito caminha em largos passos para construir carreira maior. Já tem no currículo dois gols em Copa do Mundo, contra França e Argentina, mesmo sendo titular em apenas um jogo. Idolatrado pelos mexicanos, ele caiu rapidamente nas graças da torcida.
Javier foi marcando um gol em Old Trafford, outros longe de casa, quase sempre saindo do banco de reservas. Mesmo com o búlgaro Dimitar Berbatov liderando a artilharia da Premier League - terminou a competição no topo, ao lado de Tevez, com 21 gols -, Alex Ferguson sabia que algo não estava certo. Em fevereiro, tomou a decisão de promover Chicharito à titularidade. A parceria com o Rooney rendeu melhor do que o esperado e contrariou as expectativas quando fora anunciado.
– Não esperava muito de Hernández. Achei que Ferguson não tinha mais dinheiro, ou finalmente havia enlouquecido! Lembro do momento de quando o United o anunciou. Ninguém tinha ouvido falar direito dele – contou Ashley Gray, jornalista do diário “Daily Mail”.
– Quando me pediram para descobrir mais sobre ele, estava convencido de que fora uma má contratação. Não era um adolescente e não havia jogado muito pelo seu clube no último ano, além de outros grandes clubes não terem mostrado interesse por ele. Agora parece um jogador em clara evolução e também com grande instinto natural. Está na hora certa no lugar certo. É a marca de um natural “matador” – completou.

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