Recordações, bastidores, personagens e a visão por vários ângulos de um gol que entrou para a história. O GLOBOESPORTE.COM começa nesta terça-feira uma série de entrevistas e reportagens para lembrar a falta cobrada por Petkovic, aos 43 minutos do segundo tempo, que resultou na vitória por 3 a 1 sobre o Vasco, e a conquista do tricampeonato estadual, em 2001.
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Na próxima sexta-feira, o gol de Pet completará 10 anos. O tempo passou, mas as imagens estão vivas na memória dos envolvidos na partida. O final feliz para jogadores e torcida do Flamengo contrasta com o drama vivido pelos vascaínos.
- A importância daquele gol só veio depois, quando percebi o que significou na minha vida e na de muitas famílias rubro-negras. Dez anos se passaram, e sempre encontro alguém que conta uma história relacionada aquele jogo. Sou um afortunado por ter sido o principal causador de uma coisa tão importante e com tantas emoções diretamente na vida de tantas pesso No banco, um senhor, na época com 69 anos e técnico do Flamengo, parecia não acreditar no que via diante dos seus olhos. Hoje, ao chorar e se arrepiar quando assiste ao vídeo do gol, Zagallo dá a exata noção da emoção e da importância daquele feito.
- Foi como ganhar uma Copa do Mundo. Conquistamos o tricampeonato com sangue, suor e lágrimas – recordou o Velho Lobo.Bem ao seu estilo, Edílson, que tinha problemas de relacionamento com Pet, não esconde o que gostaria que tivesse acontecido no lance da falta.
- Eu já estava ali pela área, esperando a bola bater na trave e voltar para eu fazer o terceiro gol naquele jogo – afirmou o Capetinha, que marcou os dois primeiros da vitória por 3 a 1.
Fora das quatro linhas, Wilsão, amigo do sérvio e torcedor do Flamengo, teve papel fundamental na conquista do título. Pet decidiu abandonar a concentração na véspera da decisão depois de a diretoria não cumprir promessas de pagar salários atrasados.
- Ele me ligou e disse que estava fora do Flamengo. Perguntei se ele estava maluco, falei para pensar nos torcedores que saem às 3h da manhã de casa, num trem lotado, com marmita debaixo do braço para segurar um dinheirinho para chegar no domingo e ver o Flamengo jogar, ver o camisa 10. Esse camisa 10 é você. O Pet mudou de ideianvolvido em escândalos na parceria do Flamengo com a empresa ISL, o então presidente Edmundo dos Santos Silva recordou o episódio que acredita ter mexido com os brios do time, que perdera a primeira partida da decisão contra o Vasco por 2 a 1. No dia 23 de maio, às vésperas do segundo e decisivo jogo, o Rubro-Negro foi eliminado pelo Coritiba da Copa do Brasil.
- Os muros da sede da Gávea foram pichados, os vascaínos já se consideravam campeões. Aquilo mexeu com os brios no nosso time, que ficou comovido – afirmou o ex-presidente, em alusão às pichações contra os jogadores. Entre elas, uma atingiu Pet: ‘morte aos sérvios’.
Do outro lado, dor, explicações e sofrimento dos vascaínos. Autor da falta em Edílson que resultou no gol de Pet, Fabiano Eller até hoje reflete sobre o momento crucial.
- Na minha opinião, não foi falta. Depois do gol, doeu o coração. Minhas pernas pesaram naquela hora, não tinha mais o que fazer – disse o zagueiro vascaíno.
Joel Santana, técnico do Vasco na derrota em 2001, não quer fazer carnaval com os 10 anos do gol de Pet. Depois da vitória do seu time na primeira partida da final por 2 a 1, a derrota pelo mesmo placar levaria o título para São Januário. O sonho durou até os 43 minutos do segundo tempo da grande decisão.
- Vamos falar sobre o quê? Sobre Pet? Ele é meu amigo, mas não vou jogar confete para ele, não.
Lembrado de várias formas e ângulos, com sorrisos, lágrimas de alegria ou tristeza, o dia 27 de maio de 2001 entrou para a história. Para Pet e o Flamengo, com um final feliz escrito aos 43 minutos; para o Vasco, uma dor que nem o tempo consegue apagar.
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