Depois de dez rodadas, o Flamengo voltou a vencer no Campeonato Brasileiro. Mas foi uma virada sofrida. Os poucos rubro-negros que se aventuraram a ir ao Engenhão debaixo de chuva e frio - a maioria dos 6.886 pagantes - ainda alimentavam a esperança de ver a equipe mais agressiva, com vontade de pôr fim ao longo jejum. Foi só a bola rolar para perceberem que o duelo no Engenhão com o lanterna América-MG seria complicado. Muito em parte por causa do técnico Vanderlei Luxemburgo, que escolheu uma formação confusa. Após a apatia no primeiro tempo, o treinador promoveu três alterações no segundo. Ofensivo e pelo menos com mais disposição, conseguiu virar a partida e sair de campo com vitória por 2 a 1.
Mal na partida, Thiago Neves marcou o gol da vitória, de cabeça, aos 43 minutos. Só que de forma irregular - Deivid estava impedido na jogada. O América-MG abrira o placar no primeiro tempo, com gol de pênalti de Kempes. Na segunda etapa, após as alterações de Vanderlei, Deivid empatou aos 16, para depois o camisa 7 rubro-negro marcar o gol salvador.
Apesar do resultado, o time não conseguiu voltar ao G-5, pois o Fluminense empatou com o Atlético-PR por 1 a 1, soma também 41 pontos e leva a melhor no critério de desempate por vitórias (13 contra dez). Na próxima rodada, o Flamengo terá um jogo importante e difícil: vai encarar o São Paulo, no domingo, no Morumbi. O América-MG, que permanece na lanterna, com 19 pontos, vai encarar o Palmeiras no sábado, no Pacaembu.
Sem o zagueiro Alex Silva e Ronaldinho, suspensos pelo terceiro cartão amarelo, e o volante Willians, com problemas musculares, Vanderlei optou por um esquema com dois volantes (Maldonado e Airton), três meias (Renato Abreu, Bottinelli e Thiago Neves) e apenas um atacante, Jael.
O time parecia um bando. A saída de bola era feita com lentidão, os laterais pouco apareciam para o jogo e os meias abusavam no erro de passes, principalmente Thiago Neves e Bottinelli. O Flamengo só conseguiu levar perigo numa cobrança de falta de Renato Abreu, por cima do gol. E só. Thiago Neves parecia um outro jogador, com dificuldades de progredir as jogadas. Bottinelli não parava de irritar a torcida. Jael mal conseguia matar a bola. Com 20 minutos de jogo, a equipe já estava sob vaias.
Gol do América
Com tantos erros e sem o menor interesse de jogar futebol, a equipe rubro-negra deu asas ao América-MG, cujo objetivo inicial era explorar os contra-ataques. Aos poucos, o time de Givanildo percebeu que a vitória era possível. E só não saiu do primeiro tempo com uma goleada porque o goleiro Felipe não deixou. Fez duas defesas sensacionais - um chute da meia direita de Kempes, aos 16, e uma falta cobrada por Amaral com perigo, aos 44.
Outro destaque do Coelho, Kempes inscreveu-se no Inacreditável Futebol Clube aos 20 minutos. Levou vantagem sobre Maldonado e David Braz (que não atuava desde 10 de agosto e voltou sem ritmo) e também tirou Felipe da jogada, mas bateu para fora. Sorte do atacante é que Bottinelli facilitou as coisas ao cometer pênalti numa entrada ridícula em Luciano. Dessa vez, Kempes não perdoou. Felipe até foi no canto direito, mas a bola morreu no fundo da rede, aos 29 minutos.
Foi o suficiente para o Flamengo ficar mais tenso na partida. Até Felipe, destaque do time, quase entregou o ouro, ao sair mal numa jogada. Nada foi pior, no entanto, do que a chance perdida por Bottinelli. O passe de Jael - incrível, mas é verdade - foi na medida para o meia bater fraco e sentenciar sua saída para a segunda etapa. Àquela altura, tanto ele como Thiago Neves eram os alvos preferidos da torcida, que passou a perseguir também Léo Moura, em péssima fase, e Vanderlei Luxemburgo.
Reação do Fla
O treinador rubro-negro arriscou todas as fichas ao fazer três mexidas de uma só vez no intervalo. Trocou Maldonado por Diego Maurício, Bottinelli pelo garoto Thomás e Jael por Deivid. O time ficou num 4-3-3. Com Diego Maurício pela direita, Léo Moura enfim foi à linha de fundo, centrando na medida para Thiago Neves, que não alcançou a bola e perdeu um gol feito na pequena área.
Logo depois, Junior Cesar, na altura da meia-lua, bateu de fora da área, obrigando Neneca a trabalhar pela primeira vez na partida, espalmando para escanteio. O pequeno domínio do Flamengo no começo da segunda etapa não o livrava de sustos. O América-MG esperava o momento certo de dar o bote, e Luciano só não ampliou o placar porque Felipe fez a terceira grande defesa na partida.
Léo Moura acordou por cinco minutos, o suficiente para fazer outra boa jogada de linha de fundo e centrar na medida para Deivid, que escorou para a rede, marcando seu décimo gol na competição e empatando a partida aos 16 minutos.
Dominado pela primeira vez na partida, Givanildo mexeu no América-MG. Tirou Luciano e Sheslon para pôr Rodriguinho e Gláuber. Depois, trocou Kempes por Irênio. Já queria segurar o empate. O Fla continuou na pressão, e, aos 43, após rebatida de bola em lance de Deivid, impedido, Thiago Neves escorou de cabeça e virou a partida.
Welinton ainda fez o torcedor tremer até o fim ao cometer falta quase dentro da área, aos 48. Mas a vitória tão esperada chegou. Pelo menos, o time saiu do sufoco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário