11 de fev. de 2014

Libertadores é Obrigação.

Tiro, Porrada e Bomba.
A atual diretoria do Flamengo tem se notabilizado pela insistência em mexer em casas de marimbondo ao atacar problemas crônicos do clube através de remédios amargos e bastante antipopulares tanto externa quanto internamente. Particularmente, tenho grande simpatia por toda ação de caráter antieleitoreiro no Flamengo. Por acreditar que as cortesias feitas com o chapéu do clube nos últimos anos, sempre de olho nas próximas eleições dentro e fora da Gávea, foram umas das principais causas do buraco financeiro em que estamos metidos e do qual ainda não há previsão confiável de quando conseguiremos sair. A diretoria tem tomado bastante porrada pelas suas controvertidas decisões, mas se estiverem certos acho que terá valido a pena.
Modernizar o Flamengo, tirar o atraso administrativo e preparar o clube para poder explorar todo seu potencial esportivo e econômico é tarefa gigante e de longo prazo, não é obra pra uma, duas ou três gestões. Já aprendemos que os que assumem esse pepino pensando em reeleição costumam falhar clamorosamente. Mas acho que se quem está na linha de frente colocar o Flamengo acima de suas pretensões e objetivos pessoais dá pra ir, aos poucos, tapando os principais buracos, fechando algumas torneiras e combatendo os maus hábitos que corroeram nosso patrimônio.
Muitos desses mau hábitos nasceram e são cultivados no Departamento de Futebol Profissional. Futebol que como se sabe é ao mesmo tempo o Céu de onde vem o maná da maior parte das receitas do Flamengo e também o Inferno por onde escorre o sangue do clube pelas chagas do endividamento profundo. Nem precisamos citar as cagadas históricas em contratações e dispensas que ainda estamos pagando. Mas entre todas as pisadas de bola do departamento de futebol nos últimos 40 anos uma das mais graves e prejudiciais ao engrandecimento ainda maior do Flamengo tem sido a nossa bissexta frequência na Libertadores.
Ultimamente nos acostumamos a disputar a Libertadores um ano sim o outro não. E o pior é que nos congratulamos por isso, por que já houve tempo em que o hiato entre as nossas participações era muito maior. Ficamos exultantes como se participar da única competição da América com algum alcance internacional não fosse uma meta básica e inegociável em função do nosso orçamento anual, um dos maiores do continente. O Flamengo, pelo seu tamanho, pelo que gasta e por tudo que representa, tem a obrigação de jogar a principal competição da América todos os anos, faça chuva ou faça sol.
Pouco nos interessa se a mediocridade incurável faz com que nossos fregueses no país encarem a simples presença na Liberta como algo digno de ser comemorado. O Flamengo não é igual aos outros. Com a óbvia exceção do ainda ligeiramente folclórico Mundial FIFA no fim do ano não existe nada mais jeca do que comemorar conquista de vaga pra outra competição. Isso é coisa de time pequeno. Para o Flamengo é pouco, muito pouco diante da sua capacidade. O que nós precisamos desesperadamente é voltar a ganhar a Libertadores. Os 33 anos na fila não pegam nada bem pra nossa imagem.
Mas para triunfar na Libertadores 2014 o Flamengo terá que vencer o seu mais terrível adversário, um obstáculo que nas últimas três décadas tem se mostrado intransponível. Não estou falando da altitude, das arbitragens, nas pedradas ou no clima bélico no entorno das partidas jogadas nas cucaracholândias da vida. Esses obstáculos são mixaria diante do verdadeiro desafio que se coloca diante da nossa rapaziada.
Para ser novamente o campeão da América o Flamengo de 2014 terá obrigatoriamente que suplantar o mítico Flamengo de 1981. O Flamengo de Zico, Adílio e Nunes, campeão do Rio, do Brasil, da América e do Mundo, o master criador de traumas na arco-íris brasileira. O título de 81 acrescenta algumas toneladas a mais ao já pesadíssimo Manto Sagrado. Superar o melhor Flamengo de todos os tempos, um paradigma aparentemente inatingível, cuja mera sombra tem esmagado nossas pretensões continentais ano após ano é o grande desafio do Flamengo.
Obviamente que ninguém espera que se oblitere a enorme, colossal, conquista pregressa. E nem mesmo que a equipe atual se iguale em categoria e carisma ao heróis de 81. Não seria justo exigir tanto. O que é fundamental para fazer uma bela figura na Libertadores é emular a mesma raça e o mesmo comprometimento com que aquela geração de ouro se entregou à disputa. Que é exatamente o que nos tem faltado em nossas mais recentes participações. Consultem as suas anotações e se irritem vocês mesmos ao constatar que o Flamengo, nas Libertadores que disputou, deixou muito a desejar. Principalmente em termos de raça e suor.
Libertadores tem um pouco de futebol, mas é, no fundo, um campeonato transfutebolístico, uma competição moral onde a circunferência dos ovos e a amplitude da mordedura muitas vezes falam mais alto que bola no pé. E nós, fechados com o certo, fundamentalistas até a medula nesse ponto específico, somos até bastante tolerantes com deficiências técnicas e imperícias, mas não podemos admitir que o Flamengo, qualquer Flamengo, não seja um exemplo de raça e dedicação. Ainda mais na Liberta.
Gostemos ou não, sangue, suor, lágrimas, raça, amor, paixão, tiro, porrada e bomba tem feito parte da trajetória de todos os últimos campeões da Libertadores. Ninguém tem conseguido se criar nessa competição sem abusar ou passar por todos os itens dessa lista. Aliás, a própria conquista do continente ficou marcada por essas características brutais.  Não ser campeão da Libertadores é aceitável, sair dela em função de palhaçadinhas e deficit de suor, como aconteceu em 2007, 2008, 20010 e 2012, não. E menos aceitável ainda é não disputa-la todo ano, pois nossa ausência depõe não só contra nossa imagem, mas também contra nossa autoestima.
Deixemos para nos congratular e dizermos que somos fodões quando ganharmos a Libertadores de novo. Antes não. No atual estágio de desenvolvimento econômico do esporte no país e no mundo, e cientes do incrível potencial que possuímos, é inadmissível o Flamengo ficar de fora de qualquer edição da Libertadores da América. É como se uma fábrica de chocolates deixasse de fabricar ovos de chocolate justamente na época da Páscoa. Os acionistas dá fábrica iam pirar e expulsar os diretores aos pontapés. O Flamengo jogar a Libertadores equivale a não roubar. Não deve ser mérito de nenhuma diretoria, é uma obrigação. Que deve ser cumprida todo ano.
Mengão Sempre
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Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo nosócio torcedor.

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