10 de fev. de 2014

A Vingança de Maria da Penha.

As Meninas Deram Tudo de Si.
É justamente por causa de aberrações como esse anômalo treizazero de ontem, que nós sabemos que volta e meia acontecem mesmo no futebol, que mantenho há anos a politica de zoar bastante os adversários antes das partidas. Sou Flamengo há muito tempo e aprendi que em 90 minutos desse esporte maldito e ilógico tudo pode acontecer. E quando o grande objetivo que se busca no futebol é dar risada não compensa esperar o resultado final. A vida é um eterno perde e ganha. Um dia a gente perde. No outro a gente apanha. Pelo menos a onda já foi tirada, caso tivesse esperado o jogo acabar pra zoar as meninas teria ficado no prejuízo.
Perdemos porque jogamos pior que elas, é óbvio. Salvo as desagradáveis intervenções do STJD como deus ex-machina, para nós, torcedores que curtem o futebol sem abdicar da vergonha na cara, os pontos perdidos em campo estão perdidos para sempre, não tem mais volta. O que elimina de cara o chororô como uma atitude viável nesse momento, dada sua completa inutilidade. Tapetadas, nem pensar!  No entanto, que mal há em lamber as próprias feridas e esmiuçar a partida para tentar entender as razões desse resultado escalafobético?
Em primeiro lugar devemos considerar a questão motivacional. Por mais que nossos jogadores e comissão técnica não admitam, o Fla-Flor era um teste pro jogo contra o Leon. É assim que se prioriza uma competição em detrimento de outra, fazendo experimentos. Se não fosse um teste Jayme jamais teria escalado um beque equatoriano ainda em período de observação e uma formação totalmente diferente no meio de campo.
E encarar o clássico interdivisional que já valia apenas duas mariolas como teste resultou numa automática diminuição da intensidade com que os nossos jogadores entraram nas bolas divididas e em outras disputas corpo a corpo que são parte essencial do esporte. Quem é maluco de querer se  machucar de bobeira numa pelada sem valia 4 dias antes de estrear na Libertadores ?
Não estou dizendo que houve corpo mole, seria exagero, além do mais poderia ser interpretado como desculpa. Mas quem viu o jogo sabe que se houvesse uma escala de 0 a 10 pra marcar os níveis de disposição e seriedade dos times o Flamengo mal teria chegado ao 7. Enquanto os jogadores do Flor, por mais bizarro que possa parecer o que você vai ler a seguir, jogaram que nem homem. Uma realização realmente notável da parte delas. Especialmente o Conca, que leva o time do Flor nas costas e ninguém do Mengão conseguiu marcar.
O mexidão que Jayme fez no meio de campo confundiu a mente da nossa rapaziada. Fechadinho lá atrás, no estilo timinho safado que é tradicional nas Laranjeiras e assinatura tática de Renight, o Flor ficou esperando os nossos erros.  Que não demoraram a aparecer.  Elano foi anulado facilmente pela marcação dos seiláquenzinhos e foi incapaz de segurar a bola e trocar ideia com Everton. Que é rápido e insinuante, mas muito leve e vulnerável. Sem ajuda não foi capaz de dar sequencia à nenhuma jogada. Muralha foi débil na contenção e insípido na criação, enquanto Amaral esteve perdidaço, sem nunca ter encontrado sua posição em campo. Perdemos o meio de campo inapelavelmente.
Sem proteção adequada, a zaga ficou entregue ao talentos bissextos de Wallace e ao senso de colocação de Erazzo. Tal arranjo não poderia dar muito certo e os replays dos 3 gols que levamos são autoexplicativos. Lá atrás tava um barata-voa do cacete. O bagulho tava tão sinistro que teve muita gente pedindo, a sério, pro Jayme colocar o Wellington. É foda colocar a culpa de uma derrota nas costas de um jogador só quando 14 entraram em campo, mas encontramos as digitais do elegante equatoriano em todos os gols do sábado no Maracanã. O último então, foi literalmente gol de churrasco. Se era mesmo um teste pro Erazzo, serviu pro Samir conquistar a vaga de titular sem precisar sujar os calções. De toda forma, Fábio, Fernando, Junior e Val devem ter ficado felizes em ver mais um membro da família brilhando no Flamengo e desejam muito sucesso ao Erazzo Baiano.
Perder nunca é bom, principalmente perder pra gentalha de Laranjópolis. Queremos sempre ganhar todas. Só que as vitórias em jogos que não valem nada obaobizam tudo a sua volta, enquanto as derrotas, mesmo as derrotas em jogos a leite de pato, tem grande potencial didático. Imagino que o Jayme, que nunca tinha perdido levando 3 cocos desde que assumiu o Flamengo, tenha podido enxergar com muito mais clareza alguns defeitos que as vitórias no Carioca estavam encobrindo. A noite de sábado deve ter sido longa na casa dos Almeida.
Em resumo: o futebol é uma caixinha de surpresas e não deu pra esculachar as flores conforme o Brasil todo ansiava e elas bem mereciam. O que não muda em absolutamente nada a posição ocupada pelas duas equipes na cosmogonia do futebol mundial. Semana que vem o Flamengo vai jogar a sua 12ª Libertadores enquanto elas vão tratar de cassar a 100ª liminar pra continuarem enxertadas na Série A. Ô vida besta!
Agora Jayme só vai ter mais um ou dois treinos pra rearrumar a bagunça antes da estreia na Liberta. Seria legal tentar colocar Mugni e Everton jogando juntos, eventualmente tirando o Paulinho, que ainda não deu aquele alô esse ano, pro Elano poder jogar mais perto do Hernane. Faltou dinamismo no meio de campo, que criou muito pouco. O Broca sofreu de inanição, recebeu poucas bolas e a na única chance real que teve zuniu o balão por cima do gol. Tem que corrigir isso pro jogo no México, se ficar muito solitário lá na frente já sabemos que o Brocador não funfa.
E já que estamos falando em solidão o que dizer do público no Maracanã? Mais chocantes que os 15 mil torcedores que pagaram o absurdo preço cobrado por um ingresso foram os 52 mil lugares vazios no estádio. A culpa não é só do campeonato muquirana organizado pela federação idem. E não é delírio bolivariano aventar a possibilidade de que, mesmo jogando mal pra cacete como jogou, com preços mais populares e o apoio de um maior numero de mulambos in loco talvez o Flamengo pudesse ter  tido uma melhor sorte no jogo.
Não é mimimi, mas a imagem daquelas 50 mil cadeiras vazias enquanto rolava um Fla-Flor deixaram no ar uma duvida muito pertinente sobre o acerto da política de preços adotada pelo Flamengo. Não só no aspecto econômico, mas também no puramente esportivo. Entradas caras também tem um alto custo em termos de apoio à equipe. Custo que é sempre muito mais alto pro Flamengo, que está mais acostumado a jogar para multidões. Será que esse custo intangível foi considerado com a devida acuidade?
Deus me livre ficar fazendo defesa de pobre em estádio, acho que isso é a coisa mais preconceituosa, populista e atrasada que existe, mas 100 contos pra ver essa pelada tava puxado até pros ricos. Vamos se ligar aí, diretoria. Não existe mais bobo no futebol, nem na arquibancada. Faltam 8 rodadas pra acabar a primeira fase dessa presepada de carioqueta, ainda dá tempo de refazer as planilhas e encontrar o preço ótimo, que multiplique as receitas sem subtrair apoio das arquibas.
Por enquanto é isso, mulambada. Muita calma nessa hora. Vamos aproveitar a rara oportunidade de nos espelhar no exemplo da torcida do Foguinho. Também perderam no sábado pra pequeno no Carioca e não estão cortando os pulsos e nem ateando fogo às vestes. Provavelmente os 18 psicopatas estavam comemorando o legítimo gol 1000 do Túlio Maravilha. Mas nós só vamos cagar e andar pro carioqueta e priorizar a Libertadores porque temos chance de vence-la, combinado?
Mengão Sempre
ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ
ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈≈
Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo no sócio torcedor.

Nenhum comentário: