18 de dez. de 2013

Seleção celebra vitória na 'Batalha de Belgrado': 'Via fogo nos nossos olhos'

Foram 80 minutos de emoção. Lá e cá. Com reviravoltas o tempo todo. A seleção brasileira começou na frente do placar, levou a virada na segunda etapa e por quase 30 minutos ficou em desvantagem diante das húngaras. Com as duas defesas funcionando e marcando muito forte, cada ataque era decisivo. Um erro aqui, outro acolá, a decisão foi para a prorrogação. Não satisfeito, quis o destino que uma segunda prorrogação fosse necessária. Nos últimos cinco minutos, atuando com o coração, o Brasil abriu dois gols e venceu por 33 a 31, avançando para uma histórica semifinal de Mundial. Depois da partida, uma única palavra resumia o jogo contra a Hungria: batalha. Alexandra Nascimento, Duda, Dani Piedade, Mayssa, Morten. Todos confessam que o duelo foi o mais emocionante e dramático de suas vidas.
brasil x hungria oitavas de final mundial de handebol (Foto: Foto: Cinara Piccolo / Photo&Grafia)Meninas celebram vitória sofrida em cima da Hungria, na segunda prorrogação (Foto: Foto: Cinara Piccolo / Photo&Grafia)


- Esse foi o jogo da minha vida. Foi como uma final. O sentimento de uma final de campeonato Mundial ou Olimpíadas. Esse jogo significou raça, união, solidariedade. Essa equipe é muito especial, do Morten ao fisioterapeuta. É completa. O tempo todo estávamos acreditando que poderíamos vencer. Nos olhávamos nos olhos, e eu via fogo. Coração. Isso que fez a gente vencer o jogo. Se morresse, que fosse depois do jogo. Lá, estava inteira. Lá na quadra ninguém ia morrer. Não podia pensar em cansaço, em dor. E fizemos isso - disse Mayssa, emocionada.

Alexandra Nascimento, melhor do mundo em 2012, teve o mesmo sentimento ao final da partida. Ela garante que nunca viveu um dia como esta quarta-feira.
Dani Piedade handebol servia mundial (Foto: Thierry Gozzer)Dani Piedade festeja na zona mista a classificação (Foto: Thierry Gozzer)
- Que batalha! Eu nunca vivi um jogo assim. Impressionante. Falando em drama, emoção, reviravoltas, eu nunca vivi um jogo assim. Imagino que tenha sido difícil de se assistir. Foram 80 minutos de superação, garra, entrega. Deixamos tudo na quadra, em momento algum desistimos ou abaixamos a cabeça - garante Alexandra Nascimento.
Dani Piedade lembra que a guerra não acabou. Foi apenas mais uma batalha. Nesta sexta-feira, as meninas do Brasil encaram a Dinamarca, seleção que já derrotaram na fase de grupos do Mundial, em uma das semifinais, às 15h (de Brasília).
- Calma. Nunca vi um jogo assim. Mas ainda não vencemos a guerra. Vencemos a batalha. Para o fim da guerra ainda faltam duas batalhas, e vamos para vencê-las também - frisou a pivô.

Morten Soubak, com várias Olimpíadas e Mundiais no currículo, foi outro a respirar fundo para falar sobre o que viveu na Arena Belgrado. Um misto de frio na barriga, depressão, tristeza, riso e felicidade, tudo isso em pouco mais de uma hora.

- Em relação à importância do jogo, do que estamos falando para o Brasil, foi o jogo mais espetacular que já vivi. Estamos falando de um Mundial. E vivemos algo parecido em 2011, em casa, com a Espanha. Tínhamos a última bola do jogo, erramos e perdemos a partida. Agora a sorte virou para o nosso lado. Conseguimos colocar a bola no gol. Elas tinham a bola na mão, não fizeram, e todos estávamos com medo. Se fizessem o gol, teríamos tempo de empatar, mas quem sabe? - disse Morten Soubak.

Duda, que também marcou gols decisivos, exibia um sorriso e aparente tranquilidade ao passar pela zona mista. Mas, com sangue frio, aproveitou para parabenizar o grupo brasileiro.
Morten Soubak Brasil handebol Mundial sérvia (Foto: Cinara Piccolo/Photo&Grafia)Morten diz que o jogo foi um dos mais emocionantes da sua vida (Foto: Cinara Piccolo/Photo&Grafia)


- É bom, né? (risos). Mas agora a pressão saiu um pouquinho. Até que enfim a gente passou. É uma vitória em equipe. Ninguém quis pegar a briga sozinho. Deu certo e vai continuar dando certo. Estamos de parabéns. Lutamos desde o primeiro minuto. Foi uma guerra mesmo. Olhávamos uma nos olhos das outras e sabíamos que tinha que ser hoje - frisa Duda.

Na outra semifinal, às 17h15m, a Polônia, que bateu a atual vice-campeã mundial França, encara a Sérvia, dona da casa e que eliminou a poderosa Noruega, campeã mundial e olímpica

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