3 de dez. de 2013

Leminskianas

Pra fazer um bom poema se leva anos. Cinco jogando bola, mais cinco estudando sânscrito, seis carregando pedra, nove namorando a vizinha, sete levando porrada, quatro andando sozinho, três mudando de cidade, dez trocando de assunto.
Para se fazer um grande time não leva menos tempo. Um ano inteiro só pra recolher o lixo, mais um pra saber quem presta, dois ou três para que todos se conheçam, sabe-se lá quanto para que alguns se gostem. E muitos e muitos anos para pagar o que se deve.
As certezas de quem chega o vento leva, só a as dúvidas permanecem de pé. É preciso couro grosso e alma pura para aguentar as porradas que inevitavelmente chegarão. Fundamental não esquecer. Os livros sabem de cor milhares de poemas. Que memória! Lembrar, assim, vale a pena. Vale a pena o desperdício, Ulisses voltou de Tróia, assim como Dante disse, o céu não vale uma história.
Os livros sabem de tudo. Já sabem desse dilema. Só não sabem que, no fundo, ler não passa de uma lenda. Ser Flamengo ajuda, mas saber não é tudo. Mais importante é aprender, desde cedo, a caminhar com uma dor. O Flamengo com uma dor é muito mais elegante. Caminha assim de lado. Como se chegando atrasado, chegasse mais adiante.
No fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto. Extinto por lei todo o remorso, maldito seja quem olhar pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais. Mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande e aos domingos saem todos a passear. O problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas.
Mas quem se importa com um domingo sem praia quando depois daquela curva começa a estrada que vai dar no Sol? Sou Flamengo, não discuto com o destino, o que pintar eu assino. Quando o mistério chegar, já vai me encontrar dormindo, metade dando pro sábado, outra metade, domingo.
Não haja som nem silêncio, quando o mistério aumentar. Silêncio é coisa sem senso, não cesso de observar. Mistério, algo que, penso, mais tempo, menos lugar. Quando o mistério voltar, meu sono esteja tão solto, nem haja susto no mundo que possa me sustentar.
Esta página, por exemplo, não nasceu para ser lida. Nasceu para ser pálida, um mero plágio da Ilíada, alguma coisa que cala, folha que volta pro galho, muito depois de caída. Nasceu para ser praia, quem sabe Andrômeda, Antártida Himalaia, sílaba sentida, nasceu para ser última. A que não nasceu ainda.
Soo na dúvida que separa o silêncio de quem grita do escândalo que cala, no tempo, distância, praça, que a pausa, asa, leva para ir do percalço ao espasmo. Eis a voz, eis o deus, eis a fala, eis que a luz se acendeu na casa e não cabe mais na sala.
Fazer um bom poema é como fazer um bom time. Leva tempo. Uma eternidade, nós e o Flamengo, caminhado juntos. Chora arcoíris safada e mal vestida, o sonho acabou. Libertadores, sou eu quem vou.
Mengão Sempre
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Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo no sócio torcedor.

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