17 de out. de 2013

Pimp My Face

Em qualquer espetáculo a qualidade do texto e do elenco são fundamentais para a aferição de sua qualidade. Mas quem quer montar um espetáculo de sucesso não pode desprezar elementos tais como os figurinos e o cenário. Ontem, no jogo do Mengão, o figurino acabou ganhando uma importância meio despropositada e fazendo com que muita gente colocasse em dúvida o acerto da decisão de estrear uma nova camisa 3 em um jogo onde o Flamengo precisava desesperadamente da vitória.
Mas o que fez realmente a diferença no jogo de ontem foi o cenário. O Maracanã, por ser o centro do universo, é um desafio para qualquer um que lá se apresente. Sua dimensões, sua história épica e sua capacidade única de catalisar as atenções faz do Maracanã o palco número 1 do Brasil. A chuva inclemente que caiu desde a tarde de ontem sobre o Rio de Janeiro agiu como um filtro, selecionando ainda mais o já seleto público que acompanha o Flamengo onde quer que ele vá.
Sintam o drama; a entrada a 60 reais, o horário criminoso de “depois da novela” e a transmissão em tv aberta para todo o Rio de Janeiro. Ou seja, era um programa exclusivo para guerreiros ninjas. Guerreiros que não estão nem aí pra valores subjetivos como o bom senso e lógica e não hesitaram em atender ao chamado e lotar o Maracanã (mais de 8 mil pessoas!) em uma daquelas noites ideais para ficar em casa. Que torcida é essa?
Como era de se esperar o Flamengo não encontrou moleza. Foi um jogo duríssimo, mais uma vez decidido nos instantes finais, o que já está se tornando um perigoso hábito do time rubro-negro. A escalação assinada por Jayme provocou aquele mimimi de sempre, já que Carlos Eduardo vem conseguindo angariar a antipatia de todos e até agora não fez nada de muito significativo para refrear essa tendência.
Escalação que a natureza fez questão de alterar, tirando logo no começo João Paulo de ação e forçando o deslocamento de André Santos pra fazer a lateral. Com Luiz Antônio em campo o time tem mais domínio de bola, mas com ou sem ele continua finalizando mal demais. Chutamos pouco e chutamos mal, defeito grave em um esporte em que marcar gols é decisivo.
No segundo tempo Jayme tirou o cansado Carlos Eduardo e colocou Gabriel, que está cada dia mais porra louca. Apesar de aumentarem os espaços concedidos ao adversário o Flamengo melhorou. Suprema ironia, o autor do primeiro gol do Flamengo foi o descalibradíssimo chutador Paulinho, cabeceando pro fundo do gol de Lomba o surpreendente cruzamento de André Santos após uma corrida. Só não foi mais estranho porque era óbvio que no dia em que Paulinho marcasse um gol não seria chutando.
Depois de obter a vantagem parcial o que fez o Flamengo? Ora, o de sempre. Demonstrou todo o seu cansaço recuando e dando o campo pro adversário. Que começou a perturbar e a exigir de Filipe (parece outro goleiro depois da extração de dois dentes) defesas espetaculares. A nossa barba começou a crescer e parecia evidente que o gol do Jahia era questão de tempo. Em uma troca de passes feliz eles acabaram empatando o jogo.
Esse foi um momento bem interessante do jogo. Porque marcou uma nítida divisão filosófica entre Jayme e a torcida. Nosso treinador mandou aquecer Rafinha, mas Elias, também cansado, pediu pra sair. Como faz? Penso que Jayme optou por colocar em campo um botinudo capaz de ajudar a equipe a segurar aquele empate, o popularíssimo Val. Não estou dentro da cabeça do Jayme mas me parece óbvio que ele considere empatar em casa um péssimo resultado. Mas ainda assim não é pior que perder em casa.
Jayme foi então brindado com os gritos que são atualmente a marca dos grandes treinadores incompreendidos pela turba ignara que consome futebol. Sou contra a censura de qualquer tipo, ainda mais a censura contra a vaia. Mas se o Jayme é burro eu quero ser burro como ele e fazer o Flamengo ir o mais longe possível nessa competição. Aliás, ultimamente tenho muitos bons motivos para desejar que o Flamengo evite de qualquer maneira os treinadores chamados inteligentes. Se o Jayme é burro vamos de burro mesmo que tá dando certo.
E na base da burrice o Flamengo foi lá e conseguiu o que queria. Tomando um sufoco do Jahia e torcendo pro jogo acabar logo fiquei estupefato com a impressionante corrida de Leo Moura pela lateral do campo até o limite da linha de fundo para executar o cruzamento preciso para Broca D’Or fazer o seu 13º gol no campeonato. Golaço, vitória, alívio!
Foi mesmo uma beleza! Deu gosto ver um veterano como o Moicano dar um corridão daqueles no final do jogo. Cala a boca de vários gatomestres amadores que não se cansam de pixar a preparação física do nosso time. E não me importo nem um pouco em admitir que sou um deles e que sem o paulobayeriano Leo Moura em campo estaríamos muito mais fudidos do que já estamos.
Jayme errou? Sim, mas e daí? Enquanto ele continuar ganhando os jogos pode errar à vontade. Em 2013 tivemos outros 3 treinadores que também erravam, mas não ganhavam os jogos. Não dá nem pra comparar. O Flamengo segue vivo na competição, assustando quem tá na frente e quebrando um tabu atrás do outro. O da camisa 3 agora é parte do passado.
Domingo vamos pra BH pegar as frangas e os efeitos da chegada iminente do Mengão às Alterosas já implantaram o terror por lá. No jogo de ontem uma porrada de atleticano foi expulso, outra parte deles está dodói e se ninguém mais pipocar até domingo nos enfrentarão com apenas 3 ou 4 titulares. Sejam quantos forem é bom que preparem o lombo. As galinha pira com o Mengão.
Mengão Sempre
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Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo no sócio torcedor.

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