10 de out. de 2013

Jayme celebra salto para sétimo lugar, mas avisa: 'Não é o suficiente'

Comemorar, mas não se iludir. Jayme de Almeida manteve o tom sereno e polido que lhe é habitual após a vitória do Flamengo por 2 a 1 sobre o Internacional, na noite desta quinta-feira, no Maracanã, pela 27ª rodada do Brasileirão. No auge de seus 60 anos, a maior parte deles dedicada ao futebol, o treinador não se privou de vibrar com a melhor colocação do Rubro-Negro na competição - sétimo lugar, com 37 pontos. Entretanto, a mesma medida em que reconhece a evolução, evita devaneios e não quer saber de G-4. Pelo menos por enquanto.
Jayme assumiu um time em crise, abandonado por Mano Menezes sob a justificativa de que não conseguia assimilar suas ordens. Desde então, porém, o que tem sido visto em campo é um Flamengo taticamente arrumado e correndo como nunca. Resultado da "alma rubro-negra" que o treinador garante ter encontrado nos jogadores, e que gerou três vitórias, dois empates e um salto na tabela.
- O sétimo lugar representa muito. Estávamos em uma situação muito delicada e o empenho, dedicação e carinho com que fui recebido ajudaram muito. Agradeço a eles por acreditarem em mim, no que eu propus, e fazem isso com a alma rubro-negra. Tivemos uma partida difícil contra o Internacional, fizemos o gol e terminamos melhor. No segundo tempo, administramos, mas sofremos no fim porque nosso time não é de estatura alta. A bola aérea dificultou muito, mas gostei da determinação. No Maracanã, não vamos deixar mais uma vitória tranquila se tornar empate. Corremos muito, os meninos que entraram, Frauches e Fernando, ajudaram muito. Pontuando vamos nos afastar cada vez mais da zona de rebaixamento - afirmou.
Jayme de Almeida Flamengo x Internacional (Foto: Alexandre Vidal / Flaimagem)Jayme de Almeida faz sua fé antes da partida contra o Internacional (Foto: Alexandre Vidal / Flaimagem)
Mesmo que esteja na sétima posição, o Flamengo segue mais perto da zona de rebaixamento do que da Libertadores - são oito pontos para o Atlético-PR, primeiro no G-4, e cinco para o Vasco, no Z-4. E vem exatamente daí a precaução de Jayme. Cria rubro-negra, o treinador conhece bem o torcedor que o apoia na mesma proporção que se empolga, e pede pé no chão.
- Sonhar com o G-4 eu acho muito ainda. Estamos muito próximos do Z-4. Está muito parelho, tem muito time igual. Somos sétimo, mas há muita gente em volta. Não alcançamos o objetivo maior, que é sair desta zona. Quando conseguirmos uma pontuação que nos deixe tranquilos, vamos pensar onde vamos chegar. O elenco está consciente. Demos uma arrancada boa, mas não é suficiente. Temos que pensar um jogo de cada vez e acreditar sempre no nosso potencial. Temos que respeitar todo mundo e não temer. Enfrentamos adversários poderosos, temos jogado melhor, igual, mas sempre em um nível muito elevado.
Confira outros temas abordados por Jayme durante a entrevista coletiva concedida após o jogo:
Mudança de postura do Fla
Nossa proposta era agrupar mais a equipe para facilitar a marcação e a saída de bola. A entrada do Amaral foi importante, nos deu segurança e liberdade para criação do Elias e do André. O Carlos Eduardo cresceu... Nosso meio-campo está rápido, e o Paulinho e o Hernane estão bem na frente. Tudo começou contra o Botafogo (pela Copa do Brasil), que era favorito, e naquela resposta, com um jogo de igual para igual, vimos o caminho. Agora, procuramos equilibrar e melhorar tudo isso. Não temos muito tempo para treinamento, mas dentro do possível estamos evoluindo para termos mais confiança para jogar. Eles (jogadores) aceitaram a ideia e estão procurando fazer da melhor maneira possível com um espírito mais aguerrido. É difícil ganhar do Flamengo no Maracanã assim. A torcida ajudou muito, tem incentivado.
Léo Moura
O Léo Moura tem 450 jogos pelo Flamengo, uma história linda, bonita, fantástica. Tem uma qualidade muito grande na lateral. Fala-se muito em fim de carreira, não é mais menino, mas tem muita experiência. Temos tido cuidado com esses jogos quarta e domingo. Na terça não fez nada (no campo), na quarta um pouquinho. Então, estamos preparando para os jogos. Ele atuou os 90 minutos, fez um gol, deu passe para outro e provou que pode nos ajudar muito.
Paulinho
É muito fácil falar mal dos meninos que chegaram do interior de São Paulo. O Flamengo não vinha em uma fase boa, é igual ao que eu falo da base. O Paulinho no início ia bem, ia mal, e estourava na mão dele. Eu o deixei à vontade. É muito rápido, habilidoso, dribla para dentro, para fora, tem uma condição física boa. Jogo a jogo tem ganhado confiança e é muito bom jogador. É um cara que ninguém acreditava está começando a mostrar seu valor no clube.
Elogios do elenco
Acho que (o conhecimento do Flamengo) pode ajudar. O Flamengo tem muita gente que vem de fora e eu fui criado aqui. É importante falar do clube, da torcida, mas acho que é mais a vontade do grupo fazer, acreditar e ver que é possível (que faz a diferença). Quando eles percebem isso, que é possível jogar de igual para igual com qualquer um, esse é o caminho. Fico feliz por ser o agente disso. Quem joga são os meninos, tenho que dar o apoio e confiança, liberdade. Tem que saber que o Flamengo é muita luta, vontade no jogo, se tiver que ir até a cãibra... Tudo isso tem feito com que caminhemos bem no campeonato.
Melhora com a saída de Mano Menezes
Tenho o maior carinho e aprendi a respeitar muito o Mano. Isso é o básico. É um profissional muito correto. Acho que quando entrei a ideia foi de treinar muito, agrupar... Desde que cheguei, foram apenas três treinos de montagem tática. Então, acho que quando damos uma ideia e vamos para o jogo, como foi com o Botafogo. O time faz como fez, a coisa começa a andar. Quando as coisas vão bem, mexemos muito pouco. O jogador pega confiança, o grupo se une e vê o que dá para fazer. Futebol é basicamente confiança.
Volta de Felipe
Temos que ter um critério. No gol então, é maior. O Felipe vinha de titular há dois, três anos, e sempre correspondendo bem. Por outro lado, o Paulo (Victor) também entra bem. O Felipe saiu por uma expulsão que não foi culpa dele, erramos na saída de bola e teve o pênalti. Ele teve o problema no dente, fez a operação e ficou muito tempo sem treinar. Não ia colocá-lo contra o Vasco. Agora, ele treinou e voltou. Não tem problema. Conversei com o Felipe, com o Paulo e expliquei. Felipe foi muito bem (contra o Inter). Todo grande clube tem que ter um grande goleiro, o Flamengo tem a sorte de ter dois.
Melhora em relação ao último clássico com o Botafogo
Não consigo mensurar, mas evoluímos bem. Estamos mais conscientes, mais tranquilos, e isso é fator de amadurecimento. Entendemos o que é proposto e tentamos fazer em campo. Isso é algo que ajuda muito.
Hernane é dúvida para o clássico?
Ele é um cara que se doa muito, se dedica. É um rapaz que às vezes é criticado, mas entende muito bem taticamente. Foi só uma questão de cãibra que sentiu (no fim do jogo). Não é problema. Com certeza vai estar pronto para o jogo, até por ser o artilheiro do Maracanã. Vai querer jogar.
Ausência de Carlos Eduardo
Não sou irresponsável e maluco. Fiz um treino tático na véspera com o Carlos Eduardo. Não há falta de respeito com profissionais. No caminho para o Maracanã, ele passou mal no ônibus, não estava bem e colocamos o Luiz Antonio para jogar. Simples. Eu sabia que iam especular, mas o Cadu não jogou simplesmente por isso, por ter passado mal no caminho para o Maracanã. Não ia colocar um menino que não estava 100%. Ele foi medicado, se propôs a ficar no banco, mas não íamos arriscar.
Definição da boa fase
O Flamengo atual é um time que tem um respeito muito grande pelos adversários, mas não teme mais ninguém. Estamos conscientes de que precisamos trabalhar muito e de todos se doarem em campo para fazer o resultado.

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