19 de out. de 2013

Capitães D'Ale e Barcos travam duelo de liderança estrangeira no Gre-Nal

O campeonato é brasileiro. Mas, ao menos no Rio Grande do Sul, a disputa dentro de campo não é comandada por jogadores locais. Nos times de Inter e Grêmio, são os hermanos que lideram. D'Alessandro, pelo lado colorado, e Barcos, pelo tricolor, provam que o sotaque argentino pode funcionar muito bem em terras gaúchas.
Quando o Gre-Nal começar, neste domingo, às 16h, no estádio Centenário, ambos estarão com a braçadeira de capitão de suas equipes. Em comum, além do país de nascimento, a liderança que exercem.  El Cabezón é mais antigo na função. Conquistou o posto em janeiro de 2012, quando sua permanência no clube ainda era dúvida.
D'Alessandro e Barcos, capitães de Inter e Grêmio, no Gre-Nal da Arena (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)D'Alessandro e Barcos, capitães de Inter e Grêmio, no Gre-Nal da Arena (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
Na época, o camisa 10 era pretendido pelo futebol chinês. Sua importância e talento, entretanto, fizeram com que o Inter não medisse esforços para convencê-lo a permanecer. Deu certo. Além de ídolo da torcida, o estrangeiro mantém sua liderança nos gramados e no vestiário.
A braçadeira também trouxe responsabilidades a um jogador de temperamento difícil. O D'Alessandro intempestivo deu lugar ao equilibrado.

Os cartões vermelhos foram, aos poucos, sendo substituídos por um histórico mais disciplinado. Em 2013, foi expulso apenas uma vez, na partida contra o Rio Branco, do Acre, pela Copa do Brasil.

D'Ale, o capitão que 'puxa a galera'
No domingo, terá nova oportunidade de mostrar o seu diferencial. Em um dos jogos que mais gosta de disputar. A sua estreia com a camisa colorada, em agosto de 2008, ocorreu justamente no clássico (Inter 1x1 Grêmio, pela Copa Sul-Americana). De lá para os tempos atuais, são 241 partidas e 57 gols.
O empenho e a dedicação do D’Ale dentro de campo já provam como ele é importante. Para a torcida também, ele puxa a galera"
Clemer, técnico do Inter
- O empenho e a dedicação do D’Alessandro dentro de campo já provam como ele é importante. Não só para mim, como treinador, mas para os companheiros, como liderança. Para a torcida também, ele puxa a galera. Então, está sempre na frente. É um jogador que dispensa comentários. O mais importante é que o D’Alessandro esteja sempre em todos os jogos - relatou o técnico Clemer em entrevista coletiva.
Os companheiros de equipe compartilham do mesmo pensamento. Garantem que o estilo forte durante os 90 minutos desaparece nos momentos de descontração com o grupo. O volante Willians revelou o lado solidário do camisa 10:
- Ele ajuda todo mundo, sempre conversa com o pessoal. Tem uma grande importância no grupo e mostra isso. Além de ser um grande jogador - declarou.
Barcos ajuda garotos da base a crescer
Já o capitão Tricolor viveu períodos de altos e baixos com a camisa gremista. Antes de marcar na vitória de 1 a 0 contra o Corinthians, na última quarta-feira, por exemplo, passou 905 minutos (nove jogos e 34 dias) sem fazer gols. A má fase passada, entretanto, jamais tirou a moral do jogador com Renato Gaúcho.
Conquistou a braçadeira em agosto, quando Zé Roberto, antigo dono, estava lesionado. Desde sua contratação, em fevereiro, o centroavante havia assumido o posto apenas em alguns jogos da Libertadores, ainda na gestão de Vanderlei Luxemburgo, por causa do idioma que facilitava a comunicação com o árbitro. Foi com o atual treinador, entretanto, que o argentino ganhou maior confiança.
Barcos ajuda muito quem sobe da base. Ele está sempre de bem. Fala com todos. Ele puxa todo mundo. Tem boa leitura do jogo"
Renato Gaúcho, técnico do Grêmio
Na leitura de Renato, Barcos exerce com maestria sua função dentro de campo. Mesmo na posição que atua, ajuda na marcação. Além da questão tática, orienta conversa com os mais jovens. A exemplo do técnico, o zagueiro Bressan também reconhece no companheiro a qualidade de conselheiro e motivador.
- Barcos ajuda muito. Especialmente quem sobe da base. Ele está sempre de bem. Fala com todos. Ele puxa todo mundo. Tem boa leitura do jogo para nos ajudar - destacou.
Independente do momento - ruim ou favorável - o capitão tricolor não se esconde dos microfones. Faz questão de conversar com os jornalistas e dar explicações à torcida. Depois da derrota contra o Criciúma, em casa, pela 27 rodada, quando foi o maior alvo de críticas do público, não se omitiu. Concedeu entrevista coletiva no dia seguinte e respondeu a todos os questionamentos. Resultado: voltou a marcar sete dias depois, contra o Timão, e ganhou novos elogios do comandante.
Capitães lideram os números das equipes
O protagonismo dos capitães ainda se repete nos números. D'Alessandro é o artilheiro e o maior garçom do Inter na temporada, com 18 gols e 13 assistências. Barcos também é o atleta que mais marcou pelo Grêmio no ano: balançou as redes 13 vezes. Uma disputa e tanto para domingo.
- O D’Alessandro tem muita qualidade, a gente sabe. Mas o grupo é muito bom, jogadores consagrados, de seleções. E os argentinos que falem entre eles lá, que discutam… (risos). Mas é legal ver os estrangeiros tendo sucesso aqui no nosso país. E isso só acrescenta para domingo. Espero que o nosso gringo nos ajude e saia melhor que o outro - afirma Kleber, companheiro de Barcos no ataque tricolor.
Não é segredo que o Gre-Nal reserva um duelo parte. Não bastassem todos os atrativos de um clássico, os gringos tornam o confronto ainda mais interessante. Quem vai levar a melhor? A saber no domingo, dia de muito sotaque espanhol na serra gaúcha

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