24 de out. de 2013

A Fantástica Fábrica de Chocolate – 4

Chora o presidente, chora o time todo, chora torcedor.
É óbvio que a grande maioria da torcida do Flamengo já sabia de tudo que ia acontecer. E uma das coisas mais chatas de envelhecer é que com o conhecimento acumulado com os anos de experiência acabamos perdendo a capacidade de se surpreender com o mundo. Perde-se a inocência.
Muito a contragosto nos deixamos fazer previsões até sem querer. E o pior, alcançando um extraordinário nível de acerto. Em outras palavras, nos aproximamos perigosamente de ser aquilo que a sociedade moderna convencionou chamar de chato, mala e sabe tudo.
Podem me chamar de chato, mas eu sabia que o resultado do duelo com o Botafogo estava resolvido desde o momento em que Elias meteu o gol no fim da partida contra o Cruzeiro. Nós, os malas, ainda estávamos nas arquibancadas comemorando a passagem pelas oitavas e já tínhamos a certeza tranquila de que estaríamos na semifinal da Copa do Brasil. Cantamos a pedra na hora; avisem pro Foguinho que o Papai chegou.
Arrogância? Excesso de confiança? Fuga da realidade? Não, era apenas conhecimento adquirido pela experiência de quase 40 anos de estádio. Conhecimento não só dos poderes transformadores do Flamengo mas, principalmente, da completa ausência de espinha (sentido figurado, atenção) da farandola de losers de Soldado Severiano na hora em que a chapa esquenta. Batendo de frente com a gente por algo realmente importante nunca deu pra eles, não seria agora que ia dar.
O Maracanã resplandecente em vermelho e preto na noite de ontem confirmava visualmente a confiança e as certezas da torcida do Flamengo. Aliás, falar em Maracanã vermelho e preto é forçar a barra e não precisamos disso. A verdade é que a cidade inteira de São Sebastião do Rio de Janeiro se vestiu de rubro-negro ontem. E ficou ainda mais linda e sudutora.
Durante todo o dia o que se viu nas ruas eram rubro-negros bem vestidos orgulhosos de seus símbolos e de sua nacionalidade. Os botafoguenses, que já não são muito encontradiços, simplesmente desapareceram, evaporaram, volatizaram-se. Cadê você, cadê você?
Me desculpo antecipadamente com os pragmáticos, os objetivos e os cartesianos que ainda acreditam que futebol se ganha em campo, com onze jogadores, a bola soberana e que a torcida pouco influi na consecução dos resultados. Me desculpo logo porque discordo veementemente dessa visão empobrecida e bidimensional do fascinante esporte bretão. Quem pensa assim está perdendo o que o bárbaro esporte tem de melhor.
Torcida ganha jogo, sim. E não apenas gritando ou apoiando no estádio. Torcida ganha jogo do lado de fora do estádio, enquanto trabalha, descansa ou toma uma no pé-sujo. Torcida ganha jogo criando o clima sufocante e irrespirável para quem não fecha com o certo. Não posso falar das outras, mas a Torcida do Flamengo® ganha jogo, e muito antes da bola rolar.
Por isso quando o juiz apitou o inicio da partida o placar podia estar zerado, mas é só porque, assim como o videoteipe, toda tecnologia aliada ao esporte é burra. O resultado já estava sacramentado. A atmosfera no Maracanã não deixava nenhuma dúvida; o Flamengo entrou em campo já vencendo e o Foguinho inapelavelmente derrotado. Só faltava saber de quanto. Paulinho e Broca D’Or não demoraram a nos fornecer a resposta.
Não vou citar a todos porque o texto ficaria ainda mais chato, citando Paulinho e Hernane homenageamos a todo o grupo. Que ontem foi uma fortaleza moral inabalável. O Flamengo se comportou como o time que sempre queremos ver em campo. Com raça, coragem e entrega absoluta. Um anfitrião perfeito para a festa temática que já se anunciava pelo movimento das bilheterias. O tema da festa? A Fantástica Fábrica de Chocolate.
E nesse capítulo da festa devemos elogiar aos botafoguenses que atenderam ao nosso convite e botaram a cara no Maracanã. Heróis, todos eles, os 18. E muito bem educados, conforme recomendamos ontem, eles ficaram de canto, pequenininhos. E não deram um pio. Muito bem, botafoguenses, se comportando assim serão convidados outras vezes para nossas festas, podem ter certeza.
O destaque da partida, fora a torcida que foi decisiva, são para Hernane e sua trifeta, Paulinho por destruir carreiras e reputações como se não houvesse amanhã e Leo Moura, protagonista do momento mais humilhante da partida.
A capacidade do Flamengo em organizar festas e eventos que entram para a história é algo fora do comum. Na hora do pênalti deixaram o tiozão bater porque era aniversário dele. Que fofo. Parecia pelada de churras. Foi muito esculacho parar um jogo decisivo pra cantar parabéns e cortar o bolo. Só mesmo o Foguinho pra se sujeitar a vexame de tal porte. 4 x 0 ? Hahahahah! Parabéns, Leo Moura, vida longa e que nunca lhe falte o gel pro moicano.
Sei que o texto de hoje não faz jus ao épico jogo de ontem. Uma vitória pra se comemorar com o mais fino champagne. Se não gostou do que leu, me perdoe, é justo que você reclame. Mas enquanto você me chamava de mala foi mais um gol do Hernane.
Mengão Sempre
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Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo no sócio torcedor.

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