16 de set. de 2013

Vítima da tragédia de Realengo encontra no remo chance de reescrever sua história

Thayane Monteiro, remadora do Flamengo Foto: / Rafael Moraes / Extra
Marjoriê Cristine
Tamanho do texto A A A
A Lagoa Rodrigo de Freitas traz paz e força para Thayane Tavares Monteiro. As gargalhadas, o jeito descontraído e o brilho no olhar ressurgiram no embalo de remadas fortes. Vítima da tragédia da Escola Tasso da Silveira, em Realengo, a adolescente de 16 anos não esquece aquele 7 de abril de 2011, porque uma cadeira de rodas a lembra do massacre, que a deixou com as pernas paralisadas. Mas, dois anos e meio depois, ela vê no esporte a chance de mudar a história e, remando pelo Flamengo, mira os Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio.
Há dois meses, Thayane começou a praticar remo no clube graças à insistência da mãe, Andreia, para que ela treinasse no time do coração. As portas foram fechadas numerosas vezes e, quando a rubro-negra ia começar a remar no rival Vasco, um telefonema mudou a história.
- Fazia canoagem e parei por causa de uma cirurgia (já fez seis). Quando voltei, pedi para a minha mãe para treinar remo no Flamengo. Ela tentou, disseram que não tinha nada adaptado e fiquei muito triste. Quando ia começar no Vasco, me chamaram aqui e aceitei na hora. Era meu sonho - falou.
Thayane ao lado do treinador Franquilin Oliveira
Thayane ao lado do treinador Franquilin Oliveira Foto: Rafael Moraes / Extra
A primeira competição já tem data marcada: 6 de outubro. A carioca vai estrear no Campeonato Brasileiro, na categoria AS, para atletas que utilizam apenas braços e ombros. A rapidez com que Thayane se desenvolveu no esporte surpreendeu até mesmo o treinador Franquilin Oliveira.
- Resolvi colocá-la para competir para sentir como é, perder o medo e sentir o peso da camisa. Ela tem potencial. Os outros atletas veem esperança nela - disse o técnico.
O remo ganhou o coração da jovem assim como um dia o atletismo foi seu esporte favorito. Um mês antes de levar quatro tiros - dois na barriga, um no braço e outro na cintura -, a jovem dava seus primeiros passos nas pistas.
- Tinha 13 anos e comecei por causa da minha melhor amiga, a Carine, que morreu na tragédia. Ia competir pela primeira vez dois dias depois que tudo aconteceu. Se hoje estou no esporte, agradeço muito a ela - afirmou, falando da amiga, uma das 12 vítimas fatais de Wellington Menezes de Oliveira.
Thayane com a mãe Andrea Tavares
Thayane com a mãe Andrea Tavares Foto: Rafael Moraes / Extra
A luta de Thayane é diária. As marcas estão no corpo e na alma. Ela voltou a estudar na escola da tragédia, para provar sua força, mas há sequelas. Até hoje se assusta com barulhos, achando ser o atirador. A mãe garante que o esporte mudou o comportamento da filha, que acredita que sairá da cadeira de rodas:
- A força busco de Deus. Vou voltar a andar. Não sei quando, mas vou. E vou estar ali dentro dessa Lagoa para competir em 2016. Seja com cadeira ou sem ela. O remo está na minha vida


Leia mais: http://extra.globo.com/esporte/rio-2016/vitima-da-tragedia-de-realengo-encontra-no-remo-chance-de-reescrever-sua-historia-9959885.html#ixzz2f6wzIsrH

Nenhum comentário: