Poucos metros separam hoje o banco de reservas das primeiras cadeiras nos novos estádios brasileiros, agora chamados de arenas. O técnico Mano Menezes, do Flamengo, é um dos poucos que já interagem com os demais "técnicos", que elogiam, criticam, exigem e tornam a vida do treinador à beira do campo bem mais difícil. A relação evolui, ou não, de acordo com o resultado. Nesta quarta-feira, no Maracanã, tudo terminou bem no caso de Mano Menezes, já que o Flamengo bateu o Vitória, por 2 a 1, pelo Campeonato Brasileiro (assista ao vídeo).
Antes de Hernane abrir o placar aos 22 minutos do primeiro tempo, a vida de Mano não andava fácil. A marcação era cerrada pela "turma da mureta".
- Mano, o jogo está muito do lado direito, está faltando alguém do lado de lá - grita o torcedor, para depois explicar:
- A gente estava percebendo que o time no meio do tempo estava jogando muito pela direita, a gente pediu para jogar mais para a esquerda, e ele passou isso para o time - disse o professor Carlos Ferrão.
Depois do segundo gol de Hernane, Mano Menezes ganha mais elogios, mas estes já irônicos.
- É isso aí Mano. É gênio, um Cruyff - lembrando um dos craques da seleção holandesa da década de 1970.
Se antes o local da "turma da mureta" recebia os "geraldinos", agora o setor recebe os que pagam o ingresso mais caro do estádio do Maracanã. Neste jogo entre Flamengo e Vitória, R$ 120, com direito a buffet no intervalo. Para alguns torcedores, um reforço para recarregar as energias e voltar à ação junto ao técnico Mano Menezes.
- Tem hora que ele ri, mas ele estava irritado ali no começo, aí ele já entrou na onda, já está atendendo a gente - disse o engenheiro José Prado. O analista de sistemas Fábio Braga destacou a "colaboração" dos torcedores.
- Está começando a interagir com a gente e o time está indo bem, já viu?! Ele não estava interagindo, perdeu. Começou a interagir, 2 a 0 Mengão - ressaltou.
- Tem que dar uma instrução, às vezes ele precisa, a gente dá uma cornetadinha ali. Às vezes a gente está errado, mas faz parte - diz o professor e torcedor Carlos Ferrão.
Um dos torcedores pediu a saída do Rafinha, o que não demorou a acontecer. Na troca, Mano Menezes olhou para os torcedores e foi aplaudido. Depois do jogo, em tom bem humorado, o técnico do Flamengo disse que a relação tem sido boa.
- Só não gosto de chato, porque chato é chato em qualquer lugar, na beirada do campo, perto de casa, vizinho, qualquer um. Chato é chato. Mas o torcedor tem sido muito legal.
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