3 de set. de 2013

Ministério Público pode investigar Flamengo por compra de Gabriel

Flamengo pagou por Gabriel valor acima ao recebido pelo Bahia
Flamengo pagou por Gabriel valor acima ao recebido pelo Bahia Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo
Marluci Martins
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Se a bola do time de Mano Menezes está longe de ser redonda, a contabilidade de uma contratação feita em janeiro rola também sem precisão. O Jogo Extra apurou que, na transferência de Gabriel, o Bahia recebeu menos do que o valor pago pelo Flamengo. Uma diferença de R$ 485.451,81.
O Ministério Público Federal (MPF) já havia instaurado um inquérito para investigar junto ao Bahia a venda do apoiador. E, em busca de indícios de crimes contra o sistema financeiro, está inclinado a incluir também o Flamengo na sua investigação. Por contrato, o clube carioca pagaria 2,2 milhões de euros por 50% dos direitos econômicos de Gabriel.
O Flamengo pagou a primeira parcela no dia 11 de janeiro, no valor de 500 mil euros (R$ 1.370.000,00 pelo câmbio da época). E teria de pagar o saldo restante em quatro prestações, a última delas no dia 30 de abril do ano que vem.
Mas o Bahia fez uma antecipação do valor que teria a receber, numa espécie de empréstimo junto à Polo Capital Consultoria Empresarial Ltda, no dia 6 de fevereiro, quando recebeu R$ 3.765.300,00, pagando mais de R$ 800 mil em juros. O Jogo Extra descobriu que, numa coincidência que intriga o Ministério Público, no mesmo dia o Flamengo decidiu antecipar também o pagamento de todo o saldo devedor e destinou à Polo R$ 4.250.751,81.
Causa estranheza ao MP a coincidência de datas porque o Bahia recorreu a um intermediário, pagando juros, quando poderia ter recebido diretamente do Flamengo.
Presidente do Bahia àquela época, Marcelo Guimarães, destituído por irregularidades na eleição, garantiu não saber que o Flamengo havia feito o pagamento no dia 6 de fevereiro:
— Estou sabendo disso por você. Tem que esclarecer com o Flamengo. Então, era melhor que o pagamento fosse feito diretamente ao Bahia, que estava precisando mais do que a Polo, não?
O Flamengo tratou o caso como uma coincidência:
— A Polo Capital comprou o crédito do Bahia e revendeu-o ao Flamengo. Bahia e Flamengo não se comunicaram. Tratou-se de uma operação bancária — explicou a assessoria de imprensa do Flamengo, por e-mail.
 
Pontos a serem esclarecidos
Coincidência
Bahia e Flamengo recorreram à Polo Capital no mesmo dia (6 de fevereiro). O Bahia, para receber antecipado o valor devido pelo clube carioca. E, o Flamengo, para zerar toda a sua dívida. Usando o intermediário na operação, o Bahia pagou R$ 806.850,00 em juros.
Bom pagador
O Flamengo fez questão de pagar em 6 de fevereiro uma dívida que por contrato seria diluída até 30 de abril de 2014.
Abatimento
O Bahia recebeu R$ 5.135.300,00 na transação. O Flamengo gastou R$ 5.620.751,81. O Flamengo teve direito a algum abatimento por ter feito o pagamento em duas parcelas, quando o combinado era pagar em cinco? A assessoria de imprensa do Flamengo não conseguiu junto aos departamentos jurídico e financeiro uma resposta para tal pergunta


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