8 de set. de 2013

Janela de transferências expõe crise financeira do futebol brasileiro e profissionais alertam: ‘A bolha vai estourar’

Neymar: enquanto esteve no Brasil, foi o símbolo da prosperidade do futebol nacional, mas sua saída expôs nova realidade.
Neymar: enquanto esteve no Brasil, foi o símbolo da prosperidade do futebol nacional, mas sua saída expôs nova realidade. Foto: JOSEP LAGO / AFP
Rafael Oliveira
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Após período de crescimento, a economia nacional tirou o pé do acelerador. E embora o cenário não seja de crise, o futebol verde e amarelo retrata a distância que separa o país do Primeiro Mundo. A janela de transferências europeia, encerrada esta semana, mostrou que os clubes brasileiros, ao contrário do que ocorreu nos últimos anos, não conseguem mais segurar suas joias, que agora só poderão ser vistas por aqui nos jogos da seleção. A consequência foi um aumento na diferença de valor de mercado entre as equipes do velho continente e as do Brasil.
Estudo da PluriConsultoria revelou que os elencos dos clubes do Brasileiro se desvalorizaram em € 194 milhões (R$ 605 milhões) após o fechamento da janela. Com isso, o campeonato, que há um ano era sexto no ranking, caiu para nono lugar, superando por Rússia, Turquia e Portugal.
A diferença nas cifras
A diferença nas cifras Foto: Arte / Extra
Na última janela, o futebol brasileiro se despediu de nomes valiosos como Neymar, Paulinho, Bernard, Fernando e Wellington Nem. As causas são muitas. Entre as principais, o crescimento no endividamento dos clubes, que chegou à casa dos R$ 4,7 bilhões ; o aumento dos “mecenas”, que injetaram dinheiro novo nos times europeus e os blindaram da crise que aflige o continente; e a desvalorização do real, que em 2013 só não foi maior do que a do rand, da África do Sul.
— Convencionou-se o discurso de que o Brasil virou um “Eldorado” da América do Sul. Não é verdade. O real estava valorizado. Com isso, os jogadores brasileiros estavam caros e, ao mesmo tempo, era mais barato trazer reforços de fora — explicou Fernando Ferreira, diretor da Pluri.
Do outro lado do Atlântico, os números mostram poder financeiro. Barcelona e Real Madrid, responsáveis pelas duas contratações mais badaladas da janela (Neymar e Gareth Bale), seguem com os dois elencos mais valiosos. Mas foram os ingleses que mais injetaram dinheiro. Segundo a Fifa, dos R$ 7,8 bilhões gastos em transferências, R$ 2,2 bilhões vieram da terra da rainha Elizabeth.
Para o Brasil, as previsões não são otimistas. Segundo analistas do mercado, a perda de jogadores importantes irá continuar. E a primeira consequência deve ser a redução dos salários, hoje astronômicos.
— Os novos contratos de televisionamento fizeram os clubes aumentarem seus gastos, mas isso é uma bolha que uma hora vai estourar. Muitos jogadores encerraram seus contratos nesse período e assinaram com novos valores bem maiores. Mais cedo ou mais tarde, os clubes vão ter que readequar seus contratos a uma realidade diferente da de dois, três anos atrás — disse Rodrigo Caetano, diretor de futebol do Fluminense, que na atual janela perdeu Nem e Thiago Neves para o exterior.


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