Martinho da Vila é um vascaíno ilustre e a paixão pelo clube é tanta que já fez duas músicas em homemagem ao Gigante da Colina: Calango Vascaíno e Vasco da Gama. Teve oito filho, mas só cinco seguiram o pai na escolha do time de coração. Os outros três foram torcedor logo para o Flamengo. Um desses herdeiros 'rivais' é Tunico da Vila, que quando pequeno seguia Martinho frequentemente em jogos do Vasco, sempre com camisa e bandeira do Cruzmaltino, presentes do 'tio' Paulinho do Viola. Até que em um jogo entre as equipes no Maracanã, Zico encantou o garoto e depois disso não teve jeito: virou flamenguista (veja a reportagem ao lado).
Tunico cresceu, virou musico e integra a banda do pai. Mesmo lado a lado com Martinho da Vila, a paixão pelo Rubro-Negro só cresceu. Ele foi até ousado. Pegou o samba-enredo da Vila Isabel deste ano que fez com o pai e com mais três compositores, e criou uma versão em homenagem ao time da Gávea. Se tratando de Flamengo, claro que Martinho reprovou e ainda provocou o filho, apostando em uma vitória por 1 a 0 sobre o rival, no clássico deste domingo, em Brasília.
- Ele me mandou para ouvir essa versão, mas não quis nem ver. Ouvindo eu não gostei, é Flamengo (risos). O Tunico era vascaíno quando era criança, mas mudou. Não forcei nada. Ia sempre lá em São Januário comigo. Só digo uma coisa, o jogo deste domingo vai ficar empatado até o finalzinho e nos acréscimos alguém do Vasco vai fazer um gol de canela e vamos vencer por 1 a 0 - brincou Martinho.
A versão do samba da Vila feita por Tunico em homenagem ao Flamengo estourou na internet. A musica foi até cantada pela torcida no evento do Zico na Gávea e por pouco não foi lançada nos estádios. Só não foi cantada porque seria no jogo contra o Botafogo, na semifinal da Taça Rio, e o Flamengo levou um gol no primeiro minuto de jogo e a partida terminou 2 a 0. Além dessa, Tunico está fazendo mais dois sambas para o clube que serão lançados em breve.
- Meu sonho é que seja cantada nos estádios. Acho que quando o Flamengo voltar a jogar no Rio de Janeiro a música vai pegar. Naquele jogo contra o Botafogo, tomamos um gol com um minuto e depois não teve clima. Sonho em vê-la cantada no Maracanã. Acho que vou ter que tomar um remédio tarja preta se isso acontecer. Vamos ganhar o nosso eterno vice por 4 a 0, vamos atropelar - disse Tunico.
Pai e filho são unidos pelo laço familiar e pelo samba, mas o futebol o colocaram em lados opostos. E não é isso que diminui o carinho um pelo outro. O carinho entre eles é imenso, mas a provocação nunca é deixada de lado, marca registrada na relação de dois apaixonados pelo futebol.
*Raphael Bózeo é estagiário sob supervisão de Marcelo Prata
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