Alguém se surpreendeu com as reações iracundas da galera ao aumento dos preços dos ingressos pra semifinal do carioqueta? Duvido muito. É comportamento muito humano e natural que o consumidor, esse soberano em que todo mundo passa mão na bunda, reaja mal ao anúncio do aumento de qualquer produto ou serviço.
E acho que entre os consumidores não existe nenhum mais cioso do valor dos seus cobres do que o torcedor de futebol. Paternalizado por dirigentes e políticos que durante décadas usaram o futebol em seu próprio benefício, o consumidor/torcedor é mimado. Não está acostumado a pagar um preço justo pelo espetáculo. Exige sempre o melhor serviço disponível e só aceita pagar o menor preço possível. E nem assim deixa de reclamar com extrema veemência quando não está satisfeito.
Todo ano a gasolina aumenta, o ônibus aumenta, o pão aumenta, o telefone aumenta, o aluguel aumenta, até o salario mínimo aumenta. Mas o preço do ingresso do futebol, que não era reajustado desde janeiro de 2010, para o consumidor/torcedor não pode aumentar. Porque se isso acontece o mundo acaba pro consumidor/torcedor. E começa o festival de besteiras politico-administrativas que enchem páginas e mais páginas de comentários.
Na última vez que aumentaram os preços dos ingressos pro Carioca, em 2010, fiz um post sobre o assunto dizendo que achava justo que os ingressos aumentassem, já que o Flamengo só poderia ter um time condizente com o nível de exigência da torcida se conseguisse ganhar algum dinheiro com a receita das bilheterias. Vagabundo não gostou, me chamou de burguês, elitista, que eu ganhava ingresso da diretoria e que não gostava de pobre. Logo depois da publicação da entrevista com o Bap recebi umas saraivadas dos mesmos xingamentos. Até tentei conversar com quem me xingava.
Os argumentos que eu oferecia para justificar minha compreensão sobre o aumento eram rebatidos espetacularmente por insuspeitos especialistas em marketing, arrecadação e sociologia que habitavam minha time line. Vazados num mambo-jambo ininteligível misturando clichês esquerdistas pré 68, frases feitas acacianas e informações não solicitadas sobre o valor do salario mínimo, do estacionamento do Vazião, da cerveja 600 ml e sobre como o Flamengo vai deixar de ser o time do povo e retornar às suas raízes burguesasfin de siècle. Sabiam o preço de tudo e o valor de nada.
Os malucos gritavam espumando que se aumentar o preço da arquibancada o futebol vai se elitizar, que ninguém que gasta oitenta reais numa arquibancada vai se apaixonar por um time de futebol, que o verdadeiro torcedor não vai mais poder ir a todos os jogos, Oh, meu Deus que esse homem morre, seu Moreira! Tinham respostas pra tudo, só não respondiam como é que o Flamengo vai contratar e pagar os jogadores que a torcida exige se continuar a perder dinheiro a cada jogo.
É muito engraçada essa reação, porque durante um tempão geral reclamava que o Flamengo precisava de um choque de gestão, de uma administração moderna que soubesse explorar todo o potencial econômico da sua apaixonada torcidona. Aí entram uns caras que estão a fim de trabalhar direito, acabar com o desperdício, combater os prejuízos e começam a por ordem na casa. Mas bastou mexer no bolso do consumidor/torcedor pra começar o mimimi de que esses executivos galácticos não entendem nada de futebol e que a renda das bilheterias é desprezível no orçamento do Flamengo.
Vamos parar de historinha. Todo mundo já sabe que o Lobo Mau vai se disfarçar de vovozinha pra comer Chapeuzinho mas que antes da janta o caçador vai acabar com a palhaçada. Os caras tão lá a menos de 60 dias, pegaram o clube todo ferrado, devendo até as calças e até agora tem feito um esforço considerável pra trazer boas notícias e cumprir promessas de campanha.
Acabaram de aprovar o lançamento do reclamadíssimo sócio torcedor, vão colocar uma estátua do Zico na Gávea e tão correndo atrás dos malfeitos da administração passada exatamente como a torcida pedia. Será que a porcaria de um aumento mais do que justo de uma produto que estava com o mesmo preço há 3 anos coloca em suspeição um projeto que todos aprovaram antes e que mal começou a ser implantado? Vocês só podem estar de brincs.
Chega de show. Quem não tiver 80 paus pro ingresso pode ver pela TV, vai passar na Globo. E não se sintam miseráveis por isso, porque 80 reais é caro mesmo e é pela TV, pelo radinho e pela internet que 80% da Magnética torce pelo Flamengo há muitos e muitos anos. E tem dado certo até agora. Vamos manter o foco. Não esqueçam que tem Flamengo e Foguinho no dia de Natal. Se liguem, o Foguinho é fraco mas não é peru pra morrer de véspera.
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Mengão Sempre
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